Uma publicação científica publicada na Nature explica como um glaciar, conhecido como Thwaites Glacier (também conhecido como Glaciar do Juízo Final), que representa 15% de toda a camada de gelo da Antártida ocidental, está em perigo de se separar da sua base sólida, que chega ao oceano. Parte do que o mantém fixo é uma plataforma de gelo que se prolonga pela superfície do oceano. Este glaciar em concreto encontra-se abaixo do nível do mar e estará a desgastar-se à medida que vai perdendo gelo. Os cientistas afirmam que o impacto do fenómeno ainda é incerto.
Os cientistas partilharam observações realizadas entre 2011 e 2020, mostrando o recuo do gelo, derivado à água morna que tem entrado pelas suas rachas, enfraquecendo a sua integridade estrutural e “emagrecendo” o glaciar. O gigantesco bloco de gelo tem uma profundidade até a um máximo de 2.300 metros abaixo do nível do mar.
Se o Thwaites Glacier colapsar, os cientistas estimam que poderá aumentar o nível global do mar em mais de meio metro. E se este causar um efeito de dominó e destabilizar os glaciares em redor, poderá causar uma subida do nível acima dos três metros. Este Thwaites Glacier tem funcionado como uma espécie de rolha, retendo e mantendo fixo o glaciar com a terra firme, evitando a subida do nível do mar. As mudanças na sua estrutura aceleraram nos últimos 20 anos, sendo o recuo de 600 metros a 1,2 quilómetros por ano.
A evolução dos glaciares é observada normalmente por satélites, mas desde o fim de 2019 que os cientistas utilizam robôs aquáticos enviados para o fundo do oceano para estudar a base das plataformas de gelo e as suas estruturas críticas. O robô, batizado de Icefin, foi enviado através de um buraco feito no gelo a mais de 580 metros de profundidade para analisar a sua estrutura.
No documento científico é explicado que nas observações de satélite estimava-se que o glaciar “emagrecia” uma média de 25 metros por década. Mas os locais onde se penetrou no gelo para fazer medições com radar, a sua espessura indica um desgaste de 45 metros por década. Ou seja, quase o dobro do desgaste esperado. Ainda assim, o ritmo com que a plataforma tem derretido é mais lento do que se esperava anteriormente debaixo de grande parte do gelo. Mas foram detetadas fendas e formações em escada no gelo que está a derreter o glaciar mais rapidamente.
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