Os jovens que agora entram na Universidade são claramente uma geração digital, com novos hábitos de utilização das tecnologias que definem novos comportamentos e novos quotidianos, indica um estudo ontem apresentados por professores da Escola Superior de Comunicação do Instituto Politécnico de Lisboa. O retrato dos hábitos e valores destes jovens com idades a rondar os 20 anos foi o mote introdutório para o painel da tarde do segundo dia do 14º Congresso da APDC.

O estudo desenvolveu-se em duas fases, a primeira com a análise de um focus grupo, a partir do qual foram identificadas 12 dimensões que depois foram vertidas em inquérito, abrangendo uma amostra de 373 alunos.

Entre os resultados apurados destaca-se o elevado nível de posse de terminais e acessos de comunicação, com 98 por cento dos jovens a afirmar possuir um telemóvel, 97 por cento tinha computador em casa, 80 por cento possuía acesso à Internet e 77 por cento utilizava um sistema de Messenger.

A importância atribuída às novas tecnologias é bastante elevada, atribuindo ao telemóvel e PC um valor médio de 4,5 numa escala entre 1 e 6.

Em termos de utilização da Internet, as pesquisas são o principal móbil (com 88%), seguindo-se o trabalho (80%), as conversas (77%) e os jogos (33%). Nas conclusões do estudo destaca-se o elevado número de horas passadas em frente ao computador e o baixo número de horas de estudo diário.

O vício da Internet
No estudo é destacada também a conclusão de que os jovens são viciados na utilização da Internet e dos telemóveis e que a consciência deste facto os leva a “tirar férias” da sua utilização intensiva. Some-se a este dado de tecnicodependência o facto de 59 por cento considerar que a Internet afecta a unidade familiar para se perceber que novas formas de relações virtuais substituem por vezes as relações interpessoais de proximidade.

O mesmo tipo de conclusões vem sendo apontado noutros estudos realizados internacionalmente, que revelam novas formas de isolamento - e em casos extremos de clausura – que devem ser combatidos.

Esta é a opinião de José Paquete de Oliveira, sociólogo, que comentando o estudo lembrou que com os novos quotidianos estamos a desconstruir a sociedade e que a família, escola e associações devem tentar a construção, obtendo o reequilíbrio.

“Estamos perante um mundo novo […] só resolvemos o problema vivendo de forma nova”, alerta o sociólogo.

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