Como parte da assinatura do acordo que pôs fim ao processo judicial instaurado pela AOL Time Warner e a Microsoft, em que esta teve que pagar à primeira 750 milhões de dólares, as empresas prometeram alterar os seus programas de Instant Messaging de forma a funcionarem entre si. Mas, esta já não é a primeira vez que as maiores companhias do mercado de IM prometem algo semelhante.

Conhecido por ser sobretudo utilizado por adolescentes e executivos que precisam de comunicar à distância, o Instant Messaging é uma funcionalidade da Internet disponibilizada sob a forma de serviços geralmente gratuitos, permitindo que os utilizadores criem listas de contactos - buddy lists - que indicam quais dos seus amigos, colegas ou conhecidos se encontram em determinado momento online e possibilitando a troca de mensagens em tempo real entre eles.

As redes que servem de base a estas conversas são fechadas, o que faz com que, ao contrário do email, os membros dos programas de Instant Messaging da AOL não possam comunicar com os assinantes dos serviços da Yahoo! ou da MSN, da Microsoft. Apesar de ser possível estabelecer a ponte entre os serviços recorrendo a programas como o Trillian, a ausência generalizada de interoperacionalidade irrita bastante vários utilizadores.

No ano passado, vários bancos de investimento uniram-se para encorajar as companhias de Internet a desenvolverem padrões que permitam a troca segura de mensagens imediatas entre redes, tal como as mensagens de correio electrónico. Ao longo de vários anos, a AOL tem exprimido relutância na abertura da sua rede a rivais com receio de que tal possa comprometer a privacidade e segurança dos seus utilizadores. As concorrentes, por sua vez, têm afirmado que a AOL pretende acima de tudo manter o seu domínio no mercado de Instant Messaging.

Os programas de IM da AOL, incluindo o serviço ICQ, possuíam 59,2 milhões de utilizadores em Abril, de acordo com a comScore Media Metrix, empresa que mede a utilização da Internet. Por seu lado, a MSN tinha 23,6 milhões de utilizadores e a Yahoo! 19,1 milhões. Como requisito para concretizar a fusão da AOL com a Time Warner, a Federal Communications Commission (FCC), entidade reguladora do mercado norte-americano de telecomunicações, tentou implementar a interoperacionalidade dos programas de IM da empresa de Internet, tornando a sua rede acessível aos serviços da concorrência antes que pudesse disponibilizar mensagens por vídeo, tal como a MSN e a Yahoo! agora fazem.

Agora, a AOL solicitou à FCC que ignorasse esse requisito, justificando-se com o facto de já não possuir uma posição dominante no mercado de messaging. Segundo alguns analistas, não houve interoperabilidade até agora apenas devido à recusa das companhias em cederem o controle dos seus utilizadores e não devido a obstáculos técnicos. Dai que poucos acreditem que esta situação se venha a resolver dentro em breve, apesar da declaração de intenções da AOL e Microsoft divulgada na passada quinta-feira.

Representantes da AOL e da MSN recusaram-se até agora a prever quando é que a sua recente cooperação será alargada ao mercado de Instant Messaging. Este assunto da falta de interoperacionalidade entre redes e serviços levou a que uma série de rivais da AOL, como a MSN, Yahoo! e as extintas Excite@Home e Prodigy formassem uma coligação chamada IM Unified em 2000, com o objectivo de permitir o funcionamento dos seus sistemas entre si.

Também na altura, a AOL respondeu que apoiava a ideia de possibilitar que os seus programas de IM trabalhassem com os serviços da concorrência, tendo testado alguns métodos. Mas, a companhia afirma que até hoje nunca encontrou uma solução que fosse suficientemente segura, tendo bloqueado os serviços que se ligavam às suas aplicações de messaging. O encerramento das negociações entre as companhias levou ao fim da IM Unified.

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