Mais de uma centena de artistas musicais anunciaram um boicote a salas de concertos que façam uso de tecnologias de reconhecimento facial. Tom Morello e Zack de la Rocha, dos Rage Against the Machine, são os principais signatários da carta aberta que apela ao fim da aplicação destes sistemas em espaços de performance artística.
O boicote é organizado por uma organização de ativistas pelos direitos digitais chamado Fight for the Future. Aos artistas, juntaram-se também algumas salas de espectáculo dos EUA.
Apesar de ser um protesto maioritariamente local, importa notar que alguns festivais de música já recorrem a esta tecnologia. O tema não é, contudo, consensual, uma vez que outros, como o Coachella e o SXSW, afirmaram publicamente que não fariam uso desta ferramenta.
A Fight for the Future alega que as empresas que fornecem tecnologias de reconhecimento facial são "moralmente corruptas" e defende que estas são "pouco precisas", pelo que causam muitos danos e resolvem poucos problemas. A organização revela estar preocupada que a normalização deste tipo de software abra caminho para um futuro em que a "privacidade não existe e as pessoas são permanentemente identificadas e vigiadas, independentemente de onde estiverem".
Por outro lado, os proponentes da tecnologia defendem-na argumentando com casos reais, como o de Taylor Swift, que faz uso do reconhecimento facial para impedir a entrada de stalkers nos seus concertos.
Este não é o primeiro boicote do género conduzido pela Fight for the Future. Em 2022, a organização ativista associou-se a Tom Morello e a Speedy Ortiz, entre outros artistas, para apelar ao Red Rocks Amphitheater, em Dever, que eliminasse dos seus sistemas de segurança a tecnologia de reconhecimento biométrico da Amazon. O protesto foi, na altura, bem sucedido.
Para além de se mostrar preocupado com a invasão de privacidade, o grupo defende ainda que a tecnologia é discriminatória. Recentemente, a administração do Madison Square Garden, em Nova Iorque, empregou um software do género no recinto para vedar a entrada aos advogados envolvidos nos processos legais movidos contra o espaço.
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