O governo britânico pretende aumentar o recurso ao software livre na Administração Pública, como forma de pressionar a Microsoft a baixar os preços das licenças do seu software proprietário. O executivo, eleito na semana passada sob a liderança de Tony Blair, tem em marcha um conjunto de acções internas desenhadas com este objectivo e planeia aproveitar a presidência da União Europeia, que inicia no próximo dia 1 de Julho, para recolher apoios externos.



De acordo com uma notícia avançada pelo Financial Times, a nível interno o governo britânico vai avançar com planos de incentivo à utilização de software livre junto das autoridades locais. De sublinhar que a Administração Pública britânica vem realizando investimentos significativos nas tecnologias de informação e comunicação, um pouco aliás como toda a Europa, para a modernização dos seus serviços públicos. Só nos últimos dois anos o governo de Blair investiu 18 milhões de euros nesta área, um nível de investimentos que deverá manter-se e que tendencialmente será cada vez menos absorvido pela Microsoft.



De acordo com o jornal, o governo planeia ainda o lançamento de uma Academia Open Source que terá o mesmo objectivo de fomentar o uso de software de código aberto no sector público, uma iniciativa que conta com largo apoio das estruturas locais.



Estatísticas do jornal garantem que 60 por cento das autoridades locais consultadas se mostram disponíveis para aumentar o uso de software aberto, por considerarem que este é mais barato que os produtos da Microsoft. Fora do Reino Unido existem vários projectos públicos suportados em software open source, que se vem expandindo neste importante sector aproveitando os esforços europeus para a modernização dos serviços públicos, o que poderá gerar, à partida, alguns apoios ao governo britânico.



Note-se que existem já diversos exemplos de sucesso na adopção de software open source em organismos públicos, e que alguns Governos assumiram a opção estratégica de dinamizar a adopção de Linux para reduzir custos. entre os exemplos contam-se a Região da Estremadura espanhola, o Brasil e a China.



Em Portugal o Linux é utilizado em dual boot nas escolas, no âmbito das Salas TIC, e o Ministério da Justiça pretende promover uma versão do Caixa Mágica Justiça (uma versão portuguesa de Linux) para servir as necessidades específicas deste sector.



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