O crescimento da inteligência artificial está a “esticar” o consumo de energia dos data centers, onde são processadas quantidades de dados cada vez maiores. Uma nova pesquisa da IDTechEx indica que o crescimento contínuo da inteligência artificial resultará no consumo de mais de 2000 TWh de energia pelos centros de dados em 2035, qualquer coisa como 2 milhões de GWh.

E deixa um alerta: “o aumento previsto das emissões de CO2 resultante da alimentação destes novos centros de dados cria um duplo desafio”. O desafio coloca-se tanto aos Governos, com objetivos de emissões líquidas nulas, como às grandes empresas de internet, também elas com metas de neutralidade de carbono.

Para responder a estes desafios o estudo destaca que os hiperscalers de centros de dados estão cada vez mais a desempenhar um papel ativo no desenvolvimento de novos projetos de energia renovável. “Por exemplo, estão a surgir os primeiros projetos de microrredes que exploram a produção de energia fora da rede no local para centros de dados”, refere a análise.

Há muito que estas empresas privilegiam a energia eólica pelo seu baixo LCOE (custo nivelado de eletricidade), inferior ao das alternativas baseadas em combustíveis fósseis, mas a intermitência dessas energias renováveis limita o seu potencial.

Novas alternativas, complementares a estas, têm sido também olhadas cada vez com mais cuidado, para reforçar a aposta em energias de baixo carbono, incluindo células de combustível de hidrogénio, energia geotérmica melhorada, pequenos reatores nucleares modulares e baterias de iões de lítio à escala da rede.

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IdtechEx créditos: IdTechEx

Estes investimentos juntam-se às estratégias mais tradicionais para mitigar o impacto da atividade, como os acordos de compra de energia (PPAs) e dos certificados de energia renovável (RECs), que continuarão a ter um peso importante, sobretudo para mitigar os impactos das emissões de âmbito 3.

As emissões de âmbito 3 representam a maioria das emissões de CO2 dos centros de dados e incluem temas como o fabrico/montagem a montante de servidores e equipamento de rede utilizado em centros de dados e as emissões relacionadas com a construção dos próprios centros de dados. A pesquisa dá exemplos concretos do peso deste eixo na atividade de empresas como a Microsoft, que em 2023 aumentou as emissões de carbono de âmbito 3 em 30,9%, face a 2020.

As políticas existentes em torno da descarbonização dos centros de dados, como a Diretiva de Eficiência Energética da UE, também estão a ter impacto na forma como as empresas olham para estes temas, impondo um maior foco nessas questões da eficiência.

“Se for possível consumir menos energia por centro de dados através da melhoria da eficiência térmica, da eficiência elétrica e da eficiência de TI, o impacto ambiental é minimizado”, destaca o relatório “Sustainability for Data Centers 2025-2035: Green Technologies, Market Forecasts, and Players”, que tem por base a realidade de 170 empresas.

Os operadores de grandes centros de dados têm trabalhado a este nível em várias frentes, usando desde chips e módulos de memória especialmente concebidos para o efeito até componentes de refrigeração e conversores CA/CC, detalha ainda a IDTechEx.