Impressão 3D, Internet das Coisas, Data Intelligence e interfaces entre a tecnologia e os humanos são os territórios de excelência para o desenvolvimento de projetos do DTx, que teve honras de ser um dos primeiros Laboratórios Colaborativos a avançar em Portugal e que conta com uma lista de 18 parceiros, entre empresas da área industrial, Telecom e software, universidades e institutos de investigação.
A transformação digital, ou a indústria 4.0, são os chavões que podem ser aplicados a esta estrutura de investigação, mas mais do que as palavras é a prática da I&D que se faz no centro em Guimarães, e nos laboratórios das empresas que integram o DTx que marcam a diferença.
“A transformação digital é mais do que tecnologia, é um novo modo de pensar e está a passar de um paradigma para a prática”, defende António Cunha, presidente do CoLAB, em entrevista ao SAPO TEK, adiantando que o DTx trabalha em sistemas ciber-físicos, que podem criar valor numa economia circular, potenciando produtos-sistema, com funcionalidades e comportamentos inovadores, novos modelos de negócio e novas experiências para os utilizadores.
Quando foi inaugurado, em 2018, o DTx – Digital Transformation CoLab recebeu um apadrinhamento de alto nível, com a visita da chanceler alemã Angela Merkel e do Primeiro Ministro de Portugal, António Costa, e em ano e meio de atividade os projetos desenvolvidos com os 18 parceiros do Laboratório Colaborativo em Transformação Digital têm evoluído na área da indústria digital e “o espaço entre o ciber e o digital”, com “uma visão holística que não é muito comum em estruturas do género”, como explica António Cunha.
Ao todo são 18 as entidades que se juntaram na assinatura do DTx, num compromisso a 3 anos que se estende a 5 anos. Na lista de associados estão a Bosch, a EMBRAER, IKEA, Cachapuz, Celoplás, Simoldes, Accenture, Neadvance, TMG e a NOS, Primavera e WeDo technologies, que contribuem com financiamento para o projeto que tem uma dotação orçamental de 7,5 milhões de euros a 5 anos, dos quais 2,5 milhões provêm dos associados. No mundo académico é a Universidade do Minho e a Universidade de Évora, a Universidade Católica de Lisboa, o INL e o CEIIA, que completam a lista.
Modelo diferenciador de colaboração aberta
O presidente do DTx destaca o envolvimento das empresas e o compromisso financeiro com o CoLAB, assim como a ligação à inovação e I&D, e garante que esta ligação é um dos elementos diferenciadores da iniciativa. Para o responsável, a forma como foi desenhado este CoLAB, que tem uma génese e um propósito diverso de outros laboratórios colaborativos que fazem parte do ecossistema que integra o Sistema Nacional de Inovação, marca a diferença. “Não somos prestadores de serviços de I&D, trabalhamos fundamentalmente para os parceiros”, sublinha, explicando que a visão aplicada tem recebido boas avaliações nos vários relatórios intercalares desenvolvidos.
As áreas de trabalho desenvolvem-se em quatro grupos, massive collaboration, emotics, dynamic collaboration e trustful CPS environments, e com processos de trabalho e aprendizagem, com criação de dinâmicas entre os parceiros. “Esta forma de trabalhar, em colaboração aberta com as empresas, tem superado as expectativas”, afirma o presidente do DtX.
Na prática há três tipos de projetos: os projetos exploratórios são desenvolvidos em modelos de investigação aberta, mas há depois os projetos específicos, “puxados pelos parceiros industriais”, normalmente para resolver questões específicas, em áreas de ponta da tecnologia, e a estes somam-se ainda os projetos competitivos, que resultam de projetos ganhos pelo DTx em consórcios internacionais, como o EdAR, que trabalha com interfaces holográficos como os HoloLens da Microsoft.
O histórico de ligação à Bosch que já existia na Universidade do Minho e à EMBRAER com o CEIIA foram uma base sólida para esta lógica de funcionamento, mas os modelos têm também sido desenvolvidos já no âmbito do CoLAB, facilitando a investigação e criação de produtos e serviços.
Visão holística que esbate fronteiras da tecnologia
No rol de projetos contam-se o Symbiotic human-robot collaboration com a IKEA, Smart Interiors com a Bosch e o Digital Manufacturing: Optimould com a Celopás, ou o Moulded eletronics, que envolve a Bosch, Celoplás e Simoldes, mas a lista é bastante mais longa.
O software e os sistemas de informação concentram cerca de 60% da atividade e para responder aos projetos o DTx tem alargado o número de investigadores, contando já com 37 colaboradores, dos quais 34 investigadores, mas o objetivo é chegar ao fim do ano com 45 a 50 pessoas. A três anos a meta é ainda mais alta, chegando aos 60 investigadores, e António Cunha garante que apesar da alta especialização que é exigida não tem sentido problemas em recrutar.
Para o presidente do Laboratório colaborativo a abrangência conseguida no DTx é uma mais valia, com a interligação entre as diferentes áreas, e o objetivo é ainda alargar competências nas áreas de cibersegurança, materiais e compósitos inteligentes, robótica interativa e ética humano-máquina. Mas para António Cunha são tudo áreas complementares para a visão do laboratório.
“O DTx trabalha na interseção dos domínios físico, digital e cibernético, com o objetivo de criar a próxima geração de sistemas ciber-físicos evoluídos, que seja capaz de esbater a fronteira entre o mundo real e o mundo virtual”, sublinha António Cunha, lembrando que “esta visão holística há dois anos fazia sentido, mas agora ainda faz mais”.
O roadmap para 2022/2024 já está traçado e o presidente do DTx diz que este é o guião para o desenvolvimento do laboratório, mas que não se atreve a fazer uma lista mais à frente porque "porque nao sabemos o que vai acontecer". "Este é um processo em construção, e provavelmente estaremos sempre a evoluir", lembra.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com uma nova fotografia.
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