A ideia inicial era lançar o jogo Hush para a Wii U, PlayStation 4 e Xbox One ainda antes do final de 2014. Mas isso não chegou a acontecer. A estreia do título da startup portuguesa Game Studio 78 está agora prevista para o verão deste ano, mas o atraso tem uma justificação: o investimento em videojogos em Portugal está ainda desajustado.

Reunir capital suficiente para por o jogo em andamento foi mesmo uma das maiores dificuldades da GS78, como explicou ao TeK o diretor executivo, Rogério Ribeiro. O problema está na falta de perceção dos investidores relativamente ao desenvolvimento de um jogo.

O CEO diz que a maior parte dos investidores quer apenas apostar no projeto quando está quase pronto a ser lançado e não na fase inicial do produto. "A lógica em Portugal está ao contrário. No início foi muito difícil conseguirem visualizar o projeto", disse o porta-voz da Game Studio 78.

A startup revelou há poucos dias o primeiro vídeo de demonstração de jogabilidade. Existem alguns problemas ao nível de som - é a área onde o título está mais atrasado -, mas o gameplay é de uma versão de desenvolvimento de novembro do ano passado.

O primeiro episódio do Hush está quase completo e as bases para o segundo episódio - que deverá chegar entre o final deste ano e o início de 2016 - estão lançadas. Rogério Ribeiro estima em 150 mil euros a criação do primeiro capítulo da saga, mas admite que o segundo, por a equipa já ter todo o conhecimento montado, será bem mais reduzido.

Cada episódio de Hush é constituído por três níveis e o título no geral tem "uma grande qualidade e sede gráfica", diz o CEO da startup. E este é o motivo pelo qual o jogo não será lançado em todas as consolas.

Apesar de inicialmente ter sido planeado o lançamento do título em todas as plataformas de jogo, atualmente só estão confirmadas as três consolas de nova geração. A questão das consolas portáteis - Nintendo 3DS e PlayStation Vita - ainda está em fase de análise, enquanto a versão para smartphones e tablets já foi descartada por completo.

Rogério Ribeiro não quer comprometer a experiência de jogo em todas as plataformas só por excesso de ambição, por isso decidiu manter o desenvolvimento focado na PS4, XB1 e Wii U. "É giro do ponto de vista do marketing, mas ao nível da qualidade não", reiterou.

O executivo da Game Studio 78 diz ser "fã das três consolas", diz ser "um gamer" e por isso "faz sentido o jogo estar em todas as plataformas", contou em conversa com o TeK.

Como é trabalhar com as gigantes dos videojogos?

Rogério Ribeiro é neste momento uma das pessoas em melhor posição para opinar sobre o tema pois o jogo tanto será editado pela Nintendo, como pela Sony e pela Microsoft.

Sobre a produtora de Mário e Luigi só existem palavras positivas a partilhar, pois todo o processo de submissão de proposta até à conclusão do contrato passaram apenas dois meses. O CEO da GS78 recebeu inclusive uma chamada de um elemento da Nintendo da Alemanha para tornar o processo mais célere.

Sobre a Microsoft há uma ideia mais burocrática. "A Microsoft Portugal tem sido um parceiro impecável, mas há muitas Microsoft", contou Rogério Ribeiro. Apesar da maior demora no processo, a Game Studio 78 recebeu esta semana o título de programador oficial da Xbox One, juntando-se assim a outros dois estúdios portugueses.

Quanto à Sony, Rogério Ribeiro diz que está tudo a andar - para o lançamento do jogo na PlayStation 4 -, mas a verdade é que a candidatura do título já foi submetido há um ano e até agora ainda não houve resposta. O estúdio tem mantido contactos com a PlayStation Portugal, mas falta a luz verde da equipa internacional para "carimbar" a passagem de Hush para aquela que é atualmente a consola de nova geração mais vendida.

Por fim uma última partilha de informação: a Game Studio 78 tem objetivos de vendas, sendo que num cenário pessimista gostava de poder movimentar 50 mil cópias do Hush. Mas acima de tudo Rogério Ribeiro quer que os jogadores se divirtam e que possam contribuir com o feedback valioso da posição de um gamer.

É que mesmo ainda não estando este desafio completo, a cabeça já está a pensar em novas aventuras.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico