A Microsoft vai partilhar parte do código-fonte do seu sistema operativo Windows e software servidor .NET com técnicos especializados que constroem e mantêm sistemas informáticos para milhares de empresas, conhecidos por integradores de sistemas.



Esta decisão, anunciada ontem, representa um alargamento da iniciativa Shared Source lançada em Maio do ano passado e que consiste num compromisso assumido pela gigante de software de facilitar o acesso ao código-fonte dos seus programas a clientes, parceiros e educadores. Actualmente, estão disponíveis através deste projecto partes do código-fonte do Windows 2000, Windows XP, Windows .NET Server, Windows CE 3.0 e Windows CE .NET.



O Systems Integrator Source Licensing Program (SISLP) - nome do programa destinado aos integradores de sistemas - vai abranger 150 técnicos especializados que trabalham para empresas como a Compaq e a Avanade, espalhados por mais de 30 países.
Para serem elegíveis a licenças de três anos, os integradores deverão ser já parceiros de suporte Microsoft de alto nível, o que significa que vão criar ou disponibilizar suporte técnico a empresas que utilizam um número substancial de sistemas baseados em produtos Microsoft.



Os técnicos especializados irão visualizar o código-fonte através de um site da Web, pesquisável, que pode apenas ser acedido através de um smart card, um sistema de autenticação que emprega tecnologia de ponta. Os códigos fonte constituem o elemento essencial para desenvolver software e representam o resultado de muitas horas de trabalho por parte dos programadores.



Quando os utilizadores adquirem software, obtêm uma versão designada de código de objecto que está numa linguagem apenas compreensível pelo computador. O código-fonte é o conjunto original de instruções, em linguagem de programação capaz de ser lida por humanos.



No caso de obterem este tipo de código referente aos produtos da Microsoft, os seus concorrentes poderão desenvolver mais facilmente produtos que tirem partido das funcionalidades já presentes nos programas da empresa de Bill Gates.



Numa entrevista divulgada no próprio site da Microsoft, James Matusow, Gestor de Programa da companhia, afirmou que os integradores de sistemas poderão utilizar o código-fonte para resolver problemas de privacidade ou fazer com que os sistemas corram de uma forma mais eficiente. Contudo, a Microsoft irá manter os direitos de propriedade intelectual e controlar atentamente os fins para os quais o código fonte será utilizado.



Através deste novo sistema é possível as empresas darem um apoio mais completo aos seus clientes. Assim, no caso de uma empresa revelar alguma preocupação sobre se uma nova funcionalidade do Windows que reporta automaticamente falhas de software para a Microsoft poder violar a sua privacidade, o integrador de sistemas poderá verificar o código-fonte de forma a descobrir o que é de facto divulgado quando a funcionalidade é utilizada, contactando em seguida a companhia para esta decidir se o procedimento é válido.



Mas alguns analistas defendem que esta decisão não passa de uma estratégia defensiva contra iniciativas como o sistema operativo Linux, cujo código-fonte está disponível a todos os que o desejarem. Este processo tem facilitado o desenvolvimento de software customizável por integradores de sistemas.



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