A ESOP apresentou hoje dois estudos sobre as consequências da inexistência no mercado português de portáteis de alternativas com sistemas operativos de código aberto instalados de origem. A Associação de Empresas de Software Open Source Portuguesas denuncia a existência de um oligopólio em que, mesmo que os utilizadores pretendam, não têm como adquirir um computador com Linux, ao invés de Windows ou Mac OS.

De acordo com os dados compilados pela associação, o fim da "exclusão artificial de portáteis com Linux" teria "impactos diretos de 3 a 5 milhões de euros" por ano no PIB nacional. Segundo as contas propostas, no primeiro ano de adoção os ganhos situar-se-iam nos 3,5 milhões de euros e, no ano seguinte , passariam aos 5,2 milhões. Isto partindo do princípio que a utilização do Open Source entra em "velocidade cruzeiro", ressalva a análise.

O estudo, que teve por base o panorama do mercado de retalho português em 2010, debruça-se também sobre as eventuais consequências da "introdução de uma linha de computadores portáteis de assemblagem nacional fornecidos com sistema e aplicações Open Source" em indicadores como o emprego, a balança de bens e serviços e o rendimento disponível.

No primeiro ano seriam assegurados 52 postos de trabalho e no ano seguinte 75, ao passo que o reflexo no Rendimento Disponível das Famílias seria de 2.321 euros no primeiro ano e de 3.481 euros, prevê a análise, compilando os dados na seguinte tabela.

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No comunicado que acompanha a divulgação dos estudos a ESOP realça ainda o sucesso obtido pelos computadores equipados com sistemas operativos Linux durante o programa governamental e.iniciativas, para distribuição de computadores entre professores e alunos.

De acordo com a associação, as máquinas com Linux asseguraram uma quota de 10% durante a iniciativa, mas depois, "e apesar das repetidas tentativas, os retalhistas que operam em Portugal mostraram-se de todo indisponíveis para fornecer soluções idênticas no mercado", acrescenta.

Bem-sucedida terá sido também uma iniciativa privada assinada pela Asus, que em novembro do ano passado colocou no mercado um netbook, da linha Eee PC, equipado com a distribuição de Linux Ubuntu.

Em entrevista ao TeK, o responsável pela área de Marketing da fabricante em Portugal, André Gonçalves, afirmou que a aceitação do primeiro Asus Eee PC com Ubuntu em território nacional "foi muito boa, estando a procura muito acima das primeiras expectativas". Não facultou, porém, números.

A experiência da marca foi feita em colaboração com as lojas do grupo Sonae, que asseguraram a distribuição, onde "a venda de todas as unidades disponíveis foi feita em muito pouco tempo".

Atualmente a fabricante já conta com um novo modelo com Linux à venda. Trata-se de um netbook com ecrã de 10 polegadas e a distribuição foi alargada a mais dois grupos de retalhistas e a "parceiros preferenciais" da marca (Asus Centers).

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes