A RealNetworks anunciou que irá suportar um
novo standard de código MPEG-4 para vídeo digital nas
próximas versões dos seus programas RealSystem iQ e RealOne
Media e fornecer compatibilidade através de plug-ins da
Envivio. Segundo a News.com este passo poderá dar o impulso
necessário à empresa nos seus esforços no sentido da tecnologia
sem fios e preparar terreno para uma maior interoperabilidade
na indústria fragmentada de streaming media. Neste
sentido, a RealNetworks também já se associou ao Third
Generation Partnership Project (3GPP), um grupo de
definição de standards que pretende definir as especificações
técnicas para os sistemas móveis de terceira geração.



Aqueles que defendem as normas afirmam que o MPEG-4
poderá vir a disponibilizar melhoramentos interactivos nos
formatos actuais e simplificar o envio de áudio e vídeo digital
através da Internet, um processo complicado devido à rivalidade
existente entre a RealNetworks e Microsoft.



Todavia a acção da empresa suscitou alguns comentários da parte
de alguns especialistas da indústria que afirmam que esta é
mais uma tentativa da RealNetworks em reforçar a sua posição no
streaming sem fios, do que em ajudar os objectivos da
interoperabilidade. Note-se que os operadores e fabricantes de
dispositivos estão a direccionar as suas atenções no sentido do
MPEG-4 afastando-se dos formatos proprietários.


Para já algumas das maiores empresas de TI fizeram uma defesa
pública ao MPEG-4, criando a Internet Streaming
Media Association (ISMA) para fazer avançar a norma.
Porém, nem a RealNetworks nem a Microsoft se juntaram a este
grupo, o que levou alguns analistas a pensar que ambas as
empresas vão continuar a suportar os seus formatos
proprietários.



Quanto à RealNetworks, responsáveis asseguram que participaram
nas muitas discussões sobre standards MPEG e que têm
suportado muitos formatos tomando parte da política que visa a
criação de uma tecnologia universal, que é precisamente que se
passa com a plataforma MPEG-4.



É certo que o formato MPEG-4 tem vindo ganhar consistência, mas
aspectos relacionados com a concessão de licenças e marketing
terão de ser resolvidos primeiro. Os detentores das patentes
cuja tecnologias foram incorporadas no MPEG-4 estão actualmente
a desenvolver termos das licenças não discriminatórios, trata-
se de um pré-requisito para criar um quadro onde a tecnologia
será de facto interoperacional.



Segundo Rob Koenen, presidente do MPEG-4 Industry Forum, a
situação está progredir sendo que se espera que a Apple apresente
dentro de poucas semanas uma versão do QuickTime compatível com
o novo formato, que deverá ajudar na adopção do
standard. Mas, pensa-se que o MPEG-4 terá um impacto
mais imediato na tecnologia sem fios, que se dirige mais
rapidamente em direcção a um standard único.



As dificuldades da segurança de interoperacionalidade é
ilustrada pela Microsoft, que implementou códigos vídeo MPEG-4
compatíveis com as normas como parte da sua tecnologia Windows
Media, mas utiliza o seu próprio código de áudio e um formato
de ficheiro proprietário.



Esta área poderá causar alguns problemas de interoperabilidade.
Tanto a RealNetworks como a Microsoft procederam a
investimentos consideráveis na criação esquemas de protecção
proprietária e não deverão permitir que os sistemas funcionem
em conjunto. No entanto, segundo responsáveis da RealNetworks a
empresa tem apoiado standards de código aberto para a
DRM através de iniciativas como a XMCL, um protocolo baseado no
XML que visa a criação de uma lingua franca para a segurança de
conteúdos e comércio electrónico. Note-se apenas que o MPEG-4
não tem uma tecnologia DRM standard, o que poderá
dificultar o processo segundo Ben Rotholtz, director geral para
produtos e sistemas da RealNetworks.



Rob Koenen afirma ainda que a DRM tem vindo a ser reconhecida
como um potencial problema para a interoperabilidade, "não é
algo que aconteça de um momento para o outro. Criar
interoperabilidade entre soluções DRM é uma questão difícil de
resolver".



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