A grande adesão dos jovens portugueses ao RoboCup 2004 e o equilíbrio conseguido entre a divulgação científica e o campeonato de futebol robótico são dois dos principais aspectos que levam a um balanço positivo da organização do campeonato em Portugal. Depois de uma semana de competições e seminários, Pedro Lima, professor do Instituto Superior Técnico e membro da organização do RoboCup, considera terem sido atingidos a maioria dos objectivos iniciais.



A nota de desapontamento da organização portuguesa vai porém para a falta de adesão do público, que não acorreu aos pavilhões da FIL no número esperado. Embora não estejam apurados os números de visitantes, Pedro Lima admite que o orçamento para divulgação não era grande e que por isso talvez a promoção do evento não tivesse sido suficiente, ou que as pessoas estivessem mais interessadas noutros acontecimentos que decorreram ao longo da semana.



Sem esmorecer, Pedro Lima afirma porém que é preciso continuar a insistir para que as pessoas estejam mais motivadas para este tema e salienta o grande entusiasmo das equipas de jovens portugueses que participaram na Liga Júnior, tornando-se o país com mais equipas, o que é significativo sobretudo em relação à dimensão de Portugal comparativamente a outros participantes.



Na competição propriamente dita, Pedro Lima considera que no RoboCup 2004 se verificou uma evolução dos robots, que este ano tiveram de se defrontar com condições mais adversas em termos da maior dimensão de campo e da iluminação. A evolução não é visível a olho nu, mas este responsável do RoboCup explica que se caminha cada vez mais para a concretização da possibilidade de realizar competições em outdoor, aproximando-se daquele que é o objectivo final do Robocup: conseguir até 2050 realizar um jogo entre atletas humanos e robóticos.



Prestação portuguesa a bom nível

Sendo esta a maior participação de sempre de equipas portuguesas, os resultados nas competições foram também demonstrativos do empenho colocado no desenvolvimento dos projectos. As equipas portuguesas conseguiram boas classificações nas várias ligas, confirmou ao TeK Luís Custódio, da organização do RoboCup 2004, tendo sido conseguidos dois segundos lugares nos Juniores e um prémio para a melhor construção.



Apesar da grande diversidade de países participantes e da variedade de ligas, as equipas da China destacaram-se em termos de competição, mas também a Austrália e a Alemanha mostraram bons desempenhos, adiantou ainda Luís Custódio.



A motivação para continuar as experiências e o nível de participação obtidos nesta edição mantêm-se, mesmo que o nível de participação não se repita, admite Pedro Lima. "As equipas de seniores vão continuar seguramente, pela disposição e motivação que verificamos", explica, mas quanto aos Juniores a certeza não é absoluta.


O responsável da organização lembra que no próximo ano o RoboCup se realiza no Japão e que as equipas de juniores estão muito mais dependentes do financiamento para o desenvolvimento do projecto, mas também para as deslocações e estadias necessárias para participar nestes encontros internacionais.



Porém, Pedro Lima defende que numa altura em que se fala no reforço da aposta do país na Ciência e Inovação, esta é uma área que se deve promover e onde Portugal já tem know-how e prestígio, podendo alargar-se os âmbitos de actuação da robótica a outros sectores, como o ensino.

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