Paulo Azevedo disse hoje no Congresso das Comunicações que a Sonaecom vai recorrer à Comissão Europeia por considerar que desde a liberalização das comunicações fixas "não foram tomadas medidas para que o mercado funcione". A queixa da Sonae, que deverá chegar às instâncias europeias no próximo ano, refere-se a um conjunto de aspectos que no entender da empresa bloqueiam a existência de um ambiente concorrencial saudável no mercado fixo.



Na sua apresentação, o presidente da Sonaecom fez o retrato das comunicações em Portugal referindo que a PT controla ou detém posições de relevo na voz, Internet (de banda estreita e banda larga), portais Internet, televisão paga, cinemas, imprensa diária e distribuição.



Paulo Azevedo alertou para o facto da influência da PT se poder alargar ao domínio móvel e apontou como exemplo a disponibilização de conteúdos para telemóvel, onde na opinião do gestor começaram a surgir os primeiros exemplos de cruzamento de produtos com favorecimento claro da PT, referindo-se aos conteúdos desportivos.



À margem do painel, Paulo Azevedo reiterou a intenção da Sonae vir a cancelar o seu serviço de Internet ADSL caso não sejam tomadas medidas pelo regulador que alterem as actuais condições da oferta grossista.



Também Miguel Horta e Costa, CEO da Portugal Telecom se referiu à questão do ADSL para dizer que, no seu ponto de vista, não são questões concorrenciais que impedem o desenvolvimento do mercado de banda larga, mas a reduzida percentagem de lares com PC. Para este responsável a solução para o problema passa pelo desenvolvimento de políticas rigorosas que permitam aumentar o número de PCs entre as famílias e nas escolas.



A banda larga "é um objectivo primordial da PT" que incentivou os restantes operadores a agirem no sentido de estimular o uso da mesma. Aparentemente esquecido da Iniciativa Nacional para a banda larga definida pelo Governo, Horta e Costa falou numa "iniciativa nacional" que deveria incluir operadores, fabricantes e Governo.



Estes, "na medida das suas possibilidades" poderiam subsidiar parcialmente equipamentos e contribuir para o aumento do uso de Internet nas escolas, considera. Nesta linha, a PT reiterou os seus objectivos de atingir uma quota de mercado na banda larga entre 30 a 40 por cento, até 2006.



Horta e Costa refuta as acusações dos seus concorrentes, relativamente às
condições da oferta grossista da PT que diz estar "alinhada com as práticas internacionais", considerando que este é um mercado emergente onde não é expectável obter retorno significativos no curto prazo. "Há que fazer investimentos de longo prazo", sublinha. "Aumentar os preços no retalho e mexer constantemente nas condições da oferta grossista não se coaduna com os princípios definidos pelo Governo nesta matéria", acrescentou.

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