A Amnistia Internacional
apelou às autoridades chinesas para que libertassem todos aqueles que foram presos
por utilizarem a Internet para exprimirem os seus pontos de vista ou
partilharem informação. A organização de defesa dos direitos humanos tece ainda críticas duras à política da China em relação à Internet e acusa grandes empresas norte-americanas de estarem a apoiar a censura fornecendo aplicações ao governo chinês.

Num relatório divulgado esta semana, "State control of the Internet in China", a associação de
defesa dos direitos humanos indica que pelo menos 33 pessoas - incluindo
escritores e activistas políticos - foram detidas por efectuarem
downloads ou distribuírem informação politicamente subversiva através
da Web. Dois desses detidos morreram na cadeia, depois de terem sido
torturados pela polícia. Ambos eram membros do movimento espiritual Falun
Gong, que foi banido em Julho de 1999 por ser considerado uma organização
herética.

Noutro caso, um ex-polícia foi condenado a 11 anos de prisão depois de ter
transferido artigos de sites da Web a favor da democracia na China, sendo que
todos os seus apelos foram rejeitados. Segundo a Amnistia, em alguns casos
extremos, os internautas chinesas podem enfrentar a pena de morte por
publicarem informação confidencial na Internet.

Citando notícias publicadas na comunicação social, a associação acusa ainda
uma série de companhias norte-americanas de actuarem como
fornecedores de tecnologia empregue pelo Governo chinês para censurar e
restringir a liberdade de expressão na Internet, como a Sun Microsystems, a Cisco, Microsoft, Nortel e a produtora de
software de filtragem de conteúdos Websense.

A China tem demonstrado uma atitude dúbia em relação à Internet. Se por um
lado o governo chinês restringe o acesso e censura a livre expressão de
opiniões no novo media, por outro apoiou o papel da Internet na modernização
da sua economia e tem vindo a abrir lentamente o seu mercado de
telecomunicações a companhias estrangeiras. Para além disso, o país conta com
a segunda maior população mundial de internautas, apenas atrás dos Estados
Unidos, de acordo com a empresa de estudos de mercado WebSideStory.

Em Agosto, a China bloqueou durante várias semanas o acesso ao Google, tendo bloqueado o AltaVista em Setembro. O
portal Yahoo! defendeu a sua
decisão de assinar um acordo que obriga ao cumprimento da legislação que
exige a monitorização e restrição de informação "perigosa", de forma a
cumprir as leis nacionais, acrescentando que não iria assinar mais leis que
se estendessem para lá dos limites actuais de censura.

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