Vendas em quantidades inferiores ao esperado que geraram maus resultados na área de livros digitais levaram a Barnes&Noble a anunciar a suspensão do seu serviço de vendas de eBooks. A livraria foi uma das que colocou mais alto a fasquia da transição para o livro digital e a sua desistência, embora esperada numa conjuntura desfavorável para este formato, poderá afectar o desenvolvimento desta indústria.
A livraria já avisou os seus clientes que tenham efectuado compras recentemente que lhes resta pouco tempo para fazer o download dos ebooks. Os que adquiriram o formato Adobe têm apenas 90 dias, enquanto no formato Microsoft eBook os títulos se mantêm até 9 de Dezembro de 2003.
O director geral da Barnes&Noble admitiu que as vendas de eBooks não atingiram os números desejados e que os consumidores não aderiram à tecnologia. "Não existe uma adopção generalizada de um dispositivo de leitura barato e fácil de utilizar", explicou Daniel Blackman à Associated Press.
De acordo com uma organização de empresas, o Open eBook Forum, o mercado está a crescer rapidamente mas mantém-se com uma dimensão pequena. As vendas de livros neste formato representaram uma facturação de 5 milhões de dólares nos primeiros seis meses do ano de 2003, face aos 3,8 milhões de dólares vendidos no período homólogo em 2002.
Outras empresas que tinham avançado para a venda de eBooks acabaram por fechar também estas áreas de negócio nos últimos tempos, assistindo-se ao desinvestimento da Pinguin e da AOL Time Warner na iPublish.com.
Em Portugal a experiência do Centro Atlântico é considerada bastante positiva por Libório Silva, o director-geral da empresa. Esta editora tem vindo a apostar na venda de eBooks e edita neste mesmo formato todas os livros que publica em papel, excepto aqueles em que a negociação para os direitos de autor se torna muito complicada, como foi o caso do "A Alma não é pequena", uma colectânea de poemas para SMS.
Libório Silva garante que mais de metade dos livros comercializados através da Internet na loja do Centro Atlântico são vendidos em formato eBook, e que a recente crise económica também favoreceu as vendas destas edições, cujo preço é 50% abaixo do PVP da edição em papel. Este responsável pela editora que se destaca pela qualidade nos livros técnicos assegura que os seus clientes se sentem à vontade com o formato e que apresentam poucas dúvidas relacionadas com a gestão dos eBooks.
Observador do fenómeno de edição digital há anos, Libório Silva continua a acreditar que há pouco espaço para o sucesso na venda de eBooks fora da área técnica, e que mesmo neste sector os bons resultados estão reservados a meia dúzia de empresas, localizadas em regiões geográficas distintas. O futuro do livro digital para os editores generalistas passará pela concretização da promessa do papel electrónico, o que poderá acontecer só daqui a meia dúzia de anos.
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