"Apesar dos problemas que afectam o desenvolvimento do sector, a importância a longo prazo da nova economia não pode ser subestimada", advertiu ontem Anna Diamantopoulou, Comissária Europeia para o Emprego e os Assuntos Sociais, durante a Cimeira e-SKILLS organizada pela Presidência dinamarquesa da União Europeia (UE), pela CE e pela indústria das Tecnologia da Informação e da Comunicação (TICs), que teve lugar em
Copenhaga.
Explicando que durante os últimos cinco anos, os sectores do conhecimento, de competências intensivas e das tecnologias de ponta contaram com 60 por cento do número total de postos de trabalho criados na UE, esta responsável salientou que existe uma necessidade de aumentar a formação dos recursos humanos nestas áreas, em particular, no domínio das ferramentas digitais, dado que a educação básica é cada vez mais insuficiente para um maior número de empregos.
Segundo Diamantopoulou, esta é uma condição essencial para a UE concretizar o objectivo firmado em 2000 durante a cimeira de Lisboa de se tornar na principal economia do conhecimento em 2010. Na ocasião, os líderes dos Estados-membros concordaram na realização de um programa com a duração de dez anos para o crescimento, a criação de postos de trabalho e a inclusão social.
A Comissária referiu que desde essa altura foram feitos alguns progressos,
nomeadamente no que toca à adopção da Internet, que aumentou exponencialmente. Por outro lado, 90 por cento das escolas e empresas
europeias estão actualmente ligadas à Rede das redes e os governos estão
lenta, mas definitivamente, a ficarem online.
Apesar destes avanços, afirmou que ainda é preciso percorrer um longo
caminho, pois apesar de o acesso às novas tecnologias poder estar a crescer na Europa, persistem ainda algumas brechas. A implementação da Internet ainda está desequilibradamente distribuída na Europa, existindo uma clara separação entre o sul e o norte; a probabilidade das pessoas que recebem elevados rendimentos possuírem acesso à Web é três vezes superior em comparação com as de menores rendimentos; embora possuam ligação à Internet, as escolas necessitam de mais PCs, existindo também a necessidade de massificar o acesso à Web na aprendizagem nas salas de aula; e por último, apenas um em cada três trabalhadores possuem formação na área das novas tecnologias.
Para impedir a escassez de recursos humanos qualificados, um factor que
poderá funcionar como um travão ao crescimento, Diamantopoulou considera que a União Europeia deve dar prioridade a quatro grandes desafios. O primeiro consiste em dar resposta à falta de competências necessárias para a indústria. A segunda prioridade referida pela comissária consiste na aprendizagem ao longo da vida como forma de combate ao envelhecimento da força de trabalho.
Outro ponto que realçou foi a importância de investir nos jovens, "a força
do trabalho do nosso futuro", garantindo o acesso total a computadores,
ferramentas multimédia e à Internet para as crianças na escola. Mas na sua opinião, não basta disponibilizar hardware, devendo-se também encorajar a utilização das TICs como uma ferramenta e um recurso para todas as áreas disciplinares. Diamantopoulou realçou ainda que se deve garantir que os professores têm as competências correctas, pois actualmente, dá-se frequentemente o caso de serem os alunos a ensinarem os professores.
A quarta prioridade salientada pela Comissária residiu na promoção da
igualdade de sexos no sector tecnológico, uma vez que a sub-representação das mulheres nesta indústria ser um dos principais pontos negativos da e-Europa, sobretudo no caso de empregos que requerem elevados níveis de educação tecnológica ou até especialização. Segundo os dados indicados por esta responsável, actualmente apenas um em cada cinco estudantes em TICs são mulheres.
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