Um dos resultados dos desenvolvimentos mais recentes da inteligência artificial foi a banalização dos deepfakes - fotos, vídeos ou áudios criados com software de IA, a partir de um conteúdo real, para originar conteúdos manipulados.

Tanto podem servir para criar fotos do Papa com um blusão de penas, para manipular uma foto normal numa rede social e transformá-la num conteúdo de cariz sexual, ou para aproveitar uma intervenção de Joe Biden e criar um áudio capaz de manipular o processo eleitoral nos Estados Unidos.

Os deepfakes podem servir fins inocentes mas em muitas situações não é isso que se tem verificado e é por isso que começam a surgir produtos para ajudar quem navega na internet a melhorar a capacidade de distinguir uma imagem ou áudio real das versões manipuladas.

A McAfee juntou-se ao clube e apresentou uma nova funcionalidade, que passa a integrar na oferta a partir desta quarta-feira, para ajudar os utilizadores a detetarem conteúdo manipulado por este tipo de tecnologia, quando navegam na internet ou nas suas redes sociais.

A solução, que também tira partido de inteligência artificial, fica para já disponível apenas para quem tem computadores Lenovo Copilot+ e é paga. Os planos de subscrição têm um preço base de 9,99 dólares e quem aceitar subscrever ganha um mês gratuito de utilização do serviço. Além da restrição a um grupo selecionado de equipamentos da Lenovo, o DeepFake Detector também só está disponível para utilizadores no Reino Unido, Estados Unidos e Austrália.

Como explica a McAfee, todo o processamento de dados associado ao serviço vai correr no equipamento (em vez de acontecer na cloud, que seria a outra possibilidade) para acautelar questões de privacidade, mas também de latência.

Em declarações à News.com Steve Grobman, CTO da empresa de segurança, acrescentou que o serviço não vai recolher dados do utilizador e que a solução receberá atualizações da equipa de pesquisa da McAfee. Estas atualizações provavelmente irão servir para apurar as capacidades da tecnologia, que para já só funciona para o áudio de vídeos em inglês. Não consegue ainda identificar vídeos nem fotos manipuladas.

O detetor de deepfakes da McAfee vai correr silenciosamente em segundo plano e se encontrar indícios de conteúdo manipulado reage apresentando um pop-up, que o utilizador pode descartar ou valorizar, aceitando ver mais informação sobre o alerta. Nessa informação adicional podem estar, por exemplo, detalhes sobre as parte do áudio que aparentam ser falsas e porquê.

Embora ainda limitado na abrangência, a McAfee garante que o Deepfake Detector funciona bem na área do áudio e aponta uma taxa de eficácia da ordem dos 96%, resultado do treino com cerca de 200 mil amostras.