Fugindo ao pessismo do sector tecnológico, a conferência Multimédia XXI - promovida pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações - que hoje decorre no Centro Cultural de Belém pretende remar contra a atitude vigente, mostrando como "as crises económicas e sociais são também crises de organização e de ideias e albergam oportunidades de avançar, crescer e inovar", refere a organização. Ideias e projectos estiveram durante o dia em discussão com a colaboração de diversos especialistas e intervenientes do mercado nesta área.
O tema Multimédia, Conhecimento e Comunicações rumo à Sociedade do Saber serviu de base ao primeiro painel da manhã, onde Michael Cartier mostrou a sua visão sobre a debate dos modelos de evolução de Internet que se defrontam actualmente, um em defesa da Web como mercado e outro mais liberal que vê a Internet como uma grande oportunidade para o conhecimento. Defendendo que a nova economia está ainda numa fase de desenvolvimento e que só em 2002/2007 entrará na maturidade, este professor da Universidade do Québec, onde se assistirá ao desenvolvimento da sociedade do conhecimento.
Seguindo o mesmo tema, António Cerveira Pinto, da Quadrum, afirmou que em Portugal o sector artístico está 10 anos atrasado na formação dentro da área das novas tecnologias, embora se sinta já uma maior apetência para a experimentação das novas formas de linguagem artística que a Web permite. Salientando que o trabalho artístico é fundamental para a criação dos conteúdos Web, quer em termos de apresentação quer de tratamento de imagens e sons, António Cerveira Pinto defendeu que ainda está tudo por fazer nesta área em Portugal, onde os sites não são legíveis.
"Estamos preocupados em dominar as tecnologias de ponta mas ainda não estão resolvidas as questões básicas", afirmou. Porém, este pode ser o momento ideal para olhar para a Web Portuguesa, sob a influência da crise no sector tecnológico, e "para os insuportáveis portais da Web portuguesa", de forma a poder alterar a situação.
Já no primeiro painel da tarde, sob o tema da relação entre o multimédia e a terceira geração móvel, António Câmara, da YDreams, deu a conhecer os projectos que neste momento estão a ser desenvolvidos pela empresa em que trabalha e deixou algumas ideias sobre aquilo a que poderemos vir a assistir num futuro próximo com a ligação destas duas áreas.
António Câmara considera que as propostas multimédia business to consumer e business to employee que surgirão com a terceira geração de telemóveis se dividem por dois espaços temporais, o curto prazo, que compreende o próximo ano e 2004, e o médio prazo, de 2005 em diante.
Nas propostas de curto prazo para o sector B2C teremos o desenvolvimento de guias, sistemas de alerta e jogos baseados em localização, nomeadamente de tecnologia Java. É natural que surjam igualmente os "branded phones", que funcionarão como principal interface entre o utilizador e as comunidades a que este pertence. No sector B2E as aplicações dirão maioritariamente respeito ao "traking" de produtos, empregados e viaturas, acesso a catálogos no apoio a serviços de vendas e à utilização de sensores acoplados a telemóveis para monitorização ambiental.
Segundo António Câmara as propostas para aplicações a médio prazo estarão relacionadas com o desenvolvimento da micro-geografia (georeferenciação extrema) baseada em Radio Tags, sistema que substituirá a prazo os actuais códigos de barras. Na sua intervenção durante a conferência Multimédia XXI, o responsável referiu ainda a realidade aumentada - consistindo na sobreposição de elementos virtuais a imagens reais -, e no consequente "reality gaming", uma alternativa dinâmica de realidade aumentada para a área dos jogos em que elementos virtuais são introduzidos e manipulados em cenas reais. Neste caso, o utilizador poderá correr contra o Schumacher numa prova de fórmula 1, ou ser o guarda-redes da selecção nacional.
Ainda hoje vão ser anunciados os vencedores dos prémios Multimédia XXI.
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