A Internet.org, a iniciativa do Facebook que pretende levar Internet a todos os que ainda não têm acesso, foi atacada por 67 grupos de direitos digitais de várias partes do mundo, por não fazer o suficiente para promover a neutralidade da rede - garantindo que nenhum site é beneficiado em relação a outro, em termos de tráfego web.



Os especialistas argumentaram que a rede social está a construir “um ‘jardim fechado’ onde as pessoas mais pobres só terão acesso limitado a websites e serviços. Preocupa-nos que a Internet.org faça um marketing enganoso de acesso a toda a Internet, quando de facto permite apenas acesso a um número limitado de serviços aprovados pelo Facebook”, escreveram as entidades na carta aberta.



A carta, publicada no Facebook e endereçada a Zuckerberg, aborda sete áreas distintas. Para além da neutralidade, no topo da lista estão problemas relacionados com a privacidade e a segurança online. A "política de privacidade do Facebook não oferece proteção adequada para os novos utilizadores de Internet, alguns dos quais podem não entender como os seus dados serão utilizados, ou podem não ser capazes de dar um consentimento adequado para certas práticas”, lê-se.



Defendem por isso que a iniciativa Internet.org pode contribuir para criar "uma Internet de duas camadas". "O boom económico e a revolução da conectividade que a Internet criou em países desenvolvidos precisa de ser compartilhada da mesma forma com os próximos três mil milhões de pessoas”, sublinham.



Das 67 entidades que assinaram a carta constam: 18MillionRising.org (Estados Unidos), Bits of Freedom (Países Baixos), Center for Media Justice (Estados Unidos), Coletivo Intervozes (Brasil), Digital Rights Foundation (Paquistão), IT for Change (Índia), xnet (Espanha) e Korean Progressive Network Jinbonet (Coreia do Sul), entre outras.



Não é a primeira vez que o criador do Facebook é criticado por causa deste serviço. Ainda este mês, o projeto esteve debaixo de fogo depois de várias entidades da Índia terem retirado o apoio à iniciativa no país.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico