Desenhar um modelo de negócio inovador, investir, apostar na rede, investir, dar atenção ao serviço do cliente, investir, desenhar a logística de forma eficiente e voltar a investir, podem ser palavras-chave no Guia de Boas Práticas para quem quer criar uma loja online de sucesso.

As ideias fizeram parte dos conselhos e experiências deixadas hoje pelas lojas que participaram no Fórum das Lojas Online, promovido pela ACEPI no âmbito do eShow’14, e mesmo que não sejam uma fórmula mágica aplicam-se a quem quiser ter um negócio bem sucedido.

Vanessa Loureiro, senior manager consulting de services transformation da Capgemini, traçou um retrato do consumidor português e das tendências internacionais, usando como base o estudo Digital Shoper Relevancy que este ano já inclui Portugal.

Segundo o estudo, os portugueses têm perfis mais próximos dos países mais desenvolvidos na utilização de devices, mas são mais conservadores no momento da compra. Vanessa Loureiro aponta ainda as chaves do sucesso para uma loja online: ser inspirador, permitir a possibilidade de reclamar, oferecer preço de acordo com o produto, uma gama diversificada e serviço pelo menos igual ao de uma loja física.

Estas são certamente indicações que estão na mente de quem lança um negócio online, mas nem todos conseguem assegurar o sucesso. Entre os participantes no Fórum das Lojas Online o caso da La Redoute, com uma transição bem sucedida do modelo de catálogo para a Internet foi uma das referências, mas no mundo da moda distinguiram-se a Farfetch e a Gleam, dois projetos portugueses que conseguiram garantir a diferenciação e a inovação no mercado internacional.

A Farfetch é um marketplace de produtos de moda de luxo e atualmente já soma números impressionantes: o site vende para mais de 150 países, emprega mais de 450 pessoas em 7 escritórios e gera 300 milhões de dólares ao ano em transações. Os números foram partilhados por Luís Teixeira, diretor de operações globais e diretor geral da operação portuguesa, que o TeK entrevistou e são uma boa medida do sucesso do projeto lançado em 2008.

A visão do fundador José Neves, que conseguiu envolver as lojas de marcas de luxo na sua ideia de criar o marketplace e depois concretizar o modelo de negócio que envolve todo o trabalho de fotografia das peças, suporte da plataforma, sistemas de pagamento, controle de stock e logística, é uma das bases do sucesso conseguido.

Este ano as vendas têm vindo a crescer a um ritmo de 90% e as expetativas são positivas para 2015.

Com sete escritórios, contando já com a inauguração do escritório no Japão este mês, a Farfetch mantém o “coração” da empresa em Guimarães, onde está toda a parte tecnológica e onde se concentram a maioria dos colaboradores.

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Numa fase de desenvolvimento diferente, a Gleam é também um dos projetos que subiu ao palco do Fórum das Lojas Online para mostrar o que está a fazer no mundo da moda. A startup está focada no segmento mobile e quer oferecer aos utilizadores uma plataforma de descoberta e inteligência de tendências de moda.

O projeto foi apoiado pela Portugal Ventures e assenta numa app mobile que já conta com 300 mil utilizadores em mais de 60 países que acedem a informação sobre tendências de moda e vestuário que ajudam a definir o look para o dia a dia ou para ocasiões especiais.

Andreia Campos, managing director da Gleam, explica que todos os dias são publicadas mais de 400 imagens em 10 streams com localizações geográficas compartimentadas e que o número de fontes de moda está a aumentar.

Para trás da operação montada para oferecer sugestões aos utilizadores está a gestão da informação que pode ser transformada em inteligência para as marcas. A plataforma gera mais de 100 mil datapoints diários, em likes, compras e partilhas, que são valiosas e podem ajudar a definir estratégias de marketing. “É aqui que queremos marcar a diferença, adicionado valor ás marcas e às equipas de marketing e merchandising”, explica Andreia Campos.

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A aplicação está disponível em 7 línguas e está a conquistar países numa estratégia que passa pelos mercados abrangentes para depois partir para a globalização. Nos próximos planos estão a Colômbia, Venezuela e Turquia.

O sucesso não se explica com uma fórmula mágica, mas Paulo Pinto da La Redoute admite que há fatores relevantes. “Os empresários portugueses têm de investir e não querer só retorno rápido”, avisa o CEO da La Redoute para Portugal e Espanha. “Temos de dar serviço ao cliente e preparar infraestruturas para este não ter nenhuma barreira […] É difícil de conquistar os clientes que são bombardeados com muita informação e o mercado português é pequeno”.

Fátima Caçador


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico