Uma investigação revelou que o responsável pelo roubo de informação privada do smartphone de Jeff Bezos é, na verdade, Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. A análise forense demonstra que, em 2018, o CEO da Amazon e dono do jornal The Washington Post recebeu uma mensagem enviada pela conta de Whatsapp do príncipe. Ao que tudo indica, esta continha um ficheiro que permitiu contornar o sistema de segurança do dispositivo e extrair uma grande quantidade de informação.

A Arábia Saudita nega o envolvimento no caso, exigindo uma investigação às alegações feitas em relação a Mohammed bin Salman. Recorde-se que o príncipe esteve envolvido, no ano passado, numa controvérsia associada ao assassinato de Jamal Khashoggi. A CIA determinou que o herdeiro da coroa saudita terá ordenado o homicídio do jornalista do The Washington Post.

Ao que o The Guardian apurou, o roubo de informação poderá ter sido uma tentativa de influenciar a cobertura realizada pelo jornal . Após ter recebido informação do envolvimento de Mohammed bin Salman, a ONU apela, em comunicado, para que seja realizada uma investigação mais profunda do caso.

A investigação remonta a fevereiro de 2019, tendo sido requerida pelo próprio magnata numa altura em que acusou o National Enquirer de chantagem e extorção. A acusação surgiu após o tablóide ter noticiado uma relação extraconjugal entre Jeff Bezos e Lauren Sanchez, avançando com mensagens e fotos privadas trocadas entre ambos.

O relatório da análise revela que, embora os investigadores da FTI Consulting tenham examinado extensivamente o smartphone de Jeff Bezos, não foi encontrado qualquer tipo de malware conhecido. Os especialistas depararam-se apenas com uma mensagem suspeita, enviada a 1 de maio de 2018, que continha um vídeo promocional em árabe acerca de telecomunicações.

Mensagem de Whatsapp enviada por Mohammed bin Salman a Jeff Bezos.
Créditos: FTI

A quantidade de dados transmitidos pelo dispositivo mudou significativamente após ter recebido a mensagem de Mohammed bin Salman. Os investigadores elucidam que, num espaço de meras horas, o número passou de 430 KB para cerca de 126 MB. Um dos especialistas da FTI Consulting indicou ao website Motherboard que a investigação estaria muito mais completa se conseguissem ter acesso total aos ficheiros presentes no smartphone, no entanto, para chegar a esse ponto necessitariam desbloqueá-lo.

Nota de redação: A notícia foi atualizada com informação relativa ao apelo da ONU (Última atualização: 11h09)