Embora reúna já uma grande comunidade de apoiantes em torno das suas ideias visionárias, Elon Musk não é um nome consensual nas indústrias onde opera. E na questão de Marte, onde o empresário quer chegar dentro de cinco anos, o ceticismo é ainda maior.

Scott Kelly, no entanto, não faz parte deste último grupo. O astronauta, que bateu em 2015 o recorde de mais dias acumulados no espaço, disse que duvidou de Musk quando este se propôs a aterrar parte de um foguetão numa plataforma em alto-mar. "Pensei que ele era louco", admitiu em entrevista a um programa de TV norte-americano. Porém, quando o objetivo foi alcançado, Kelly prometeu a si mesmo que "nunca mais duvidaria" daquele que é o CEO da SpaceX.

Recorde-se que Musk quer levar humanos a Marte em 2024. Para isso, o empresário planeia construir um foguetão de 42 motores, chamado BFR, que deverá ter capacidade para 100 passageiros e 150 toneladas de carga.

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"Estou muito confiante de que conseguimos construir a nave e tê-la pronta para descolar no espaço de cinco anos", disse Musk.

A viagem entre os dois planetas é um tema familiar ao astronauta norte-americano. Embora não tenha chegado a viajar até Marte, Scott Kelly passou cerca de um ano em permanência no espaço e relembra que a viagem até ao planeta vizinho poderá demorar cerca de 200 dias a fazer, uma temporada que, contudo, terá efeitos físicos substanciais nos tripulantes.

"Naquele ambiente onde o peso não tem grande importância, nós perdemos imensa massa óssea e muscular. Se não fizermos nada acerca disso, podemos perder até 1% de massa óssea por mês", adiantou. Se a missão durasse cerca de 100 meses, diz Kelly, os tripulantes "iam transformar-se em gelatina, porque ficariam sem qualquer osso no corpo".

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Apesar dos perigos, Scott Kelly acredita que a ambição de Elon Musk não só é exequível como vai tornar-se numa tendência a curto prazo. Para o norte-americano, o transporte espacial está a 30 anos de distância.

Ainda em entrevista, o astronauta recorda que o cumprir deste objetivo vai beneficiar em muito a mobilidade no planeta Terra. Se forem desenvolvidos transportes de deslocação suborbital, os passageiros vão poder sonhar com viagens "de 45 minutos entre Los Angeles e Londres". Atualmente, o trajeto demora cerca de 10 horas a completar.

"Acho que vamos começar por ter um sistema semelhante ao que tivemos nos primeiros anos da indústria da aviação, onde os primeiros aviadores começaram a levar passageiros em passeios e depois tudo se desenvolveu até se transformar num sistema de transporte. Quanto mais o fizermos, melhores vamos ser a fazê-lo", concluiu.