O portal Terravista esteve offline durante a última semana de Setembro, ficando os serviços e conteúdos do portal e ainda as páginas pessoais do seu serviço de alojamento inacessíveis.

A Terravista S.A., empresa responsável pelo portal que pertence ao grupo T-Online explicou que tal facto se prendeu com a migração de servidores destinada a garantir a maior rapidez do portal, mas que acabou por demorar mais do que estava programado, tendo gerado "algumas dificuldades no acesso ao portal". O problema só foi solucionado no dia 28 de Setembro, data em que se deixaram de registar dificuldades.



Segundo o portal Terravista existem actualmente 140.000 páginas pessoais alojadas no Sete Mares, o actual serviço de alojamento. Durante a interrupção do serviço estes viram-se impossibilitados de aceder às suas páginas, o que gerou protestos em vários fóruns.



O percurso do Terravista, que foi um dos serviços pioneiros e representativos da Internet portuguesa, tem sido algo atribulado. O Terràvista foi originalmente um projecto que fez parte da Iniciativa MOSAICO do Ministério da Cultura e, mais tarde, do Ministério da Ciência e da Tecnologia (em parceria com entidades privadas) que visava facultar a milhares de cidadãos alojamento gratuito de conteúdos e a criação de uma vasta comunidade virtual de língua portuguesa, fomentando a produção de conteúdos nacionais para a rede.



O projecto foi idealizado por José Carlos Ramos da Iniciativa MOSAICO e contou com Maria João Nogueira e Eduardo Pinto que em 23 de Março de 1997 lançaram o primeiro serviço em português de alojamento grátis de paginas pessoais, tendo rapidamente formado uma comunidade participativa de utilizadores lusofónos, quer colocando conteúdos em português nos seus websites, quer utilizando os seus fóruns de debate.



Em Julho de 1998, surgiu uma das grandes polémicas do projecto, na sequência de uma notícia que dava conta da existência de páginas com pornografia no Terràvista - a comunidade virtual lusófona era então tutelada pelo Ministério da Cultura. O ministro então em exercício, Manuel Maria Carrilho, decidiu encerrar o serviço sem consultar nem informar previamente os seus utilizadores.



Como solução para afastar o Ministério da Cultura da responsabilidade dos conteúdos alojados no projecto Terràvista, foi criada a 7 de Agosto de 1998 a Associação Terràvista, sem fins lucrativos para gerir o projecto. O percurso do serviço continuou em expansão, sendo bastante popular entre os utilizadores da Internet nacionais e brasileiros, chegando mesmo a estabelecer uma parceria criando uma delegação no Brasil com domínio próprio (www.terravista.com.br) entretanto extinto.



Segundo Maria João Nogueira, que agora lidera um serviço de alojamento de páginas num portal concorrente, existiam nessa data cerca de 80.000 sites pessoais alojadas no Terràvista, um serviço que se tornou emblemático graças ao seu pioneirismo e funcionalidade numa altura em que a Internet em Portugal estava ainda numa fase de arranque.



Em Fevereiro de 2000 a Associação Terràvista acabaria por vender o Terràvista devido aos custos de manutenção e dificuldades financeiras que impediram a associação de manter o serviço de alojamento sem caracter comercial. A Jazztel acabou por adquirir o projecto Terràvista (integrando-o na sua divisão para a Internet Ya.com), e iniciou uma mudança de identidade ao projecto, transformando-o num portal com conteúdos próprios mantendo as comunidades de cibernautas e o serviço de alojamento gratuito.



Ainda em Setembro de 2000 as dezenas de milhares de lusófonos que possuíam sites no Terràvista passaram a ter banners publicitários nas suas páginas. Esta alteração não foi pacifica pois a Terràvista S.A. informou os clientes do serviço de alojamento com apenas dois dias de antecedência da alteração da política, tendo levantado muitos protestos entre a comunidade de utilizadores e originando acesa polémica entre a comunidade virtual.



A 4 de Setembro de 2000 o Portal Terràvista mudou novamente de mãos, quando a Jazztel anunciou a venda da Ya.com Internet Factory - que integrava os portais português Terràvista e o espanhol Ya.com - por 414,3 milhões de euros à T-online, uma empresa fornecedora de acesso à Internet subsidiária da operadora alemã Deutsche Telekom. Nessa altura o projecto e o site passaram a denominar-se Terravista, perdendo o "à".



Em Fevereiro deste ano a Terràvista S.A. mostrou alguns problemas ao despedir cerca de 20 funcionários devido a uma reestruturação em curso da casa-mãe alemã, a T-Online, filial da Deutsche Telekom para a Internet.




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