Perante uma audiência de 800 pessoas, onde se incluíam artistas, intelectuais e ministros da cultura europeus, o presidente luxemburguês da União Europeia manifestou o seu apoio à iniciativa de criação de uma Biblioteca Digital Europeia. A ideia havia sido avançada na semana passada, tal como o TeK tinha já noticiado, mas está a reunir um conjunto cada vez mais significativo de apoios.



Jean-Claude Juncker afirmou "nós temos de agir", considerando que a Europa precisa de facto de reagir às iniciativas americanas de digitalização de conteúdos histórico-culturais, como a recentemente anunciada pelo Google e que pretende colocar na net os conteúdos de cinco das mais prestigiadas bibliotecas americanas, onde se incluem Harvard e Stanford.



Jacques Chirac, presidente francês, foi o mentor da ideia que pretende reunir esforços europeus, coordenados pela União Europeia, para tornar acessível via Internet a cultura e a história europeia. O presidente francês teme que o inglês e a história americana passem a dominar a rede, condicionando a divulgação de outras línguas e culturas.



"É por isso que digo sim à iniciativa do presidente francês Jacques Chirac para o lançamento de uma biblioteca europeia digital. Digo sim porque a Europa não deve submeter-se a ataques de outros", sublinhou o presidente da UE.



Juncker lembrou, no entanto, que com uma verba de 0,12 por cento do orçamento europeu, dedicada à cultura, será difícil avançar com um projecto daquelas dimensões. Recorde-se que o projecto do Google deverá demorar 10 anos a desenvolver-se e custar entre 115 e 155 milhões de euros.



A resposta europeia, defendida por Chirac, conta com o apoio da Alemanha, Hungria, Itália, Polónia e Espanha, cujos chefes de Estado participaram também nos pedidos de apoio dirigidos à UE e Comissão Europeia, através de carta.



Por seu lado, a Biblioteca Nacional de França divulgou na semana passada uma moção de apoio à proposta de Chirac que reúne apoios de 19 bibliotecas nacionais europeias.



O TeK apurou que a ministra da cultura portuguesa, Isabel Pires de Lima, participou nos encontros da cultura em França. Contudo não foi ainda possível obter uma posição oficial do governo em relação à iniciativa europeia de criação da Biblioteca Digital.



De sublinhar que a Biblioteca Nacional portuguesa já disponibiliza trabalhos digitalizados desde 2002.



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