Trinta e seis escolas, 10 mil alunos e professores envolvidos e 300 iniciativas e projetos apresentados. Estes são os números que traduzem os dois meses de Roadshow_P80, que chegou às escolas de 18 distritos numa carrinha pão de forma para explicar aos jovens estudantes como surge a iniciativa, quais os objetivos e passos a dar para participar.
Com início a 9 de janeiro e tendo terminado a 8 de março, o Roadshow_ P80 era composto por duas sessões distintas, uma de manhã, em que se promovia um conjunto de temáticas sustentáveis levadas a cabo pelos parceiros do projeto, e outra à tarde, baseada na dinâmica Fixe Tank, uma incubadora onde os jovens partilham conhecimentos e constroem os seus projetos.
Para Francisco Teixeira, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), uma das entidades envolvidas na iniciativa, o formato roadshow é a forma mais eficaz de sensibilizar os jovens para a importância de uma cidadania participativa e de “lhes mostrar que o futuro está nas suas mãos, que há algo ao seu alcance e no seu raio próprio de responsabilidade a poder adotar já”.
“Trata-se de um dia em cada escola repleto de atividades e sessões formativas e participativas, das quais destacamos a incubadora de ideias onde os jovens são desafiados a apresentarem as suas ideias empreendedoras”, explica em entrevista ao SAPO TEK.
Terminado o Roadshow_P80, os jovens candidatos têm agora até 31 de maio para apresentar e submeter as suas ideias em www.projeto80.pt, candidatando-se automaticamente à oportunidade de serem finalistas na categoria “Iniciativa Jovem – Projeto80” do Green Project Awards Portugal 2018.
Sob o mote “Ocupa o teu lugar na História”, o Projeto 80 é uma iniciativa da Agência Portuguesa do Ambiente, ANQEP - Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, Direção-Geral da Educação, Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, Instituto Português do Desporto e Juventude, Quercus e Green Project Awards.
A sua prioridade é a de mobilizar os jovens a trabalharem por um futuro mais sustentável através da criação de projetos nesta área, mas também valorizar as suas ideias para que sintam que participam na mudança de comportamentos das suas comunidades.
Francisco Teixeira revela que o intervalo de idades entre os 13 e os 18 anos é o ideal para despertar os mais jovens para este tipo de temáticas relacionadas com empreendedorismo, sustentabilidade e cidadania. Não só porque é mais simples chegar até eles através do Roadshow e levar estes temas até onde eles estão, às suas escolas, mas também "porque são as idades em que as mentes estão mais disponíveis para temas que saem fora da sua zona de conforto”, explica.
Mas, numa idade em que são muitos os jovens que aos 13 e até aos 18 não sabem o que “querem ser quando forem grandes”, como é que se estimula o seu espírito empreendedor? Para o responsável pela Agência Portuguesa do Ambiente a resposta está em mostrar o vasto leque de opções que têm à sua frente.
“Na verdade, há várias áreas, como é o caso por exemplo do empreendedorismo digital e da área dos desportos eletrónicos que, além do gaming em si, depende de uma série de outras áreas (criativa, legal, administrativa, eventos, entre outras) que podem proporcionar aos jovens que se interessam por essa temática, poderem viver daquilo que gostam de fazer”, argumenta Francisco Teixeira.
Essa diversidade e originalidade têm estado bem presentes nos muitos projetos que já surgiram no âmbito do programa e através do qual já foram abordados temas como a diminuição da pegada carbónica e hídrica, uma eficiente gestão de recursos, a biodiversidade, a inovação social ou a economia verde.
Ao SAPO TEK, Francisco Teixeira destacou dois casos de sucesso que foram de facto implementados: o projeto Surf na Serra do Caldeirão e o Biocomposto.
O primeiro, desenvolvido em 2014 por alunos do 3º ano do Curso Profissional de Técnico de apoio à Gestão Desportiva na Escola Secundária José Belchior Viegas, em São Brás de Alportel, envolve a construção de pranchas de surf através da reutilização de rolhas de cortiça.
O outro foi o grande premiado da categoria de Iniciativa Jovem do Green Project Awards 2017 e foi elaborado pelos alunos da Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas, do Porto. O projeto Biocompostor consiste num compostor em cortiça que transforma a matéria orgânica do lixo em adubo orgânico que pode ser usado na agricultura e jardinagem.
E, como podem os interessados tentar ganhar o prémio final do concurso e que consiste em passes Intra_Rail Xcape de três dias, com viagens de comboio CP e alojamento em Pousadas de Juventude incluídas?
Escolhido o tema, o modo de abordagem e o que fazer no terreno, as equipas têm até 31 de maio para submeter as suas candidaturas no site. Depois, o júri composto por membros das várias instituições envolvidas na iniciativa seleciona depois os seis projetos que se tornam, automaticamente, candidatos ao prémio “Iniciativa Jovem” do Green Project Awards. Os projetos devem ser implementados até ao final do ano letivo de 2017/2018.
Já na sua 5ª edição, Francisco Teixeira revelou que o programa tem tido uma evolução muito positiva, com cada vez mais adesão por parte de jovens e de professores. “Esta geração de jovens está cada vez mais desperta para os temas que fazem parte do seu futuro e são cada vez mais participativos, o que para nós é muito gratificante”, rematou.
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