A Speak é uma iniciativa de partilha de conhecimentos linguísticos e intercâmbio de culturas, que pretende contribuir para a integração dos imigrantes, mas também se assume como uma plataforma alternativa para quem quer aprender línguas.



A suportar o projeto há um site, que é a montra do Speak e a plataforma para inscrição nos cursos de 18 horas que levam o conceito ao terreno. Durante três meses, uma vez por semana, quem participa junta-se durante 90 minutos para aprender uma língua nova, mas também para descobrir a cultura por trás de cada língua. Qualquer pessoa pode inscrever-se para assistir às aulas ou para as dar, como professor voluntário, se se sentir confortável no papel.



A ideia é estimular a integração cultural, chamando estrangeiros e locais a partilhar experiências. Como explica ao TeK Hugo Menino Aguiar, tem-se também revelado uma forma barata de aprender línguas por simples curiosidade, ou por razões profissionais. Há portugueses que procuram o Speak para aprender a língua de um país para onde planeiam emigrar, por exemplo.



O empreendedorismo social era um sonho antigo de Hugo, que acabou por ganhar forma enquanto concretizava outra ambição: trabalhar na Google. O engenheiro português foi "caçado pelos olheiros" da Google através do perfil no LinkedIN. Deixou a Outsystems, onde trabalhava na altura, e foi para a sede europeia da empresa, em Dublin. Não passou muito tempo até conhecer Mountain View e começar a saltar entre a Europa e a Califórnia, para desempenhar o cargo de Product Manager (na automatização do suporte ao Adsense) que entretanto assumiu.



Menos de dois anos após o início da experiência na gigante do software, Hugo sentiu que tinha reunido as condições para saltar para um novo projeto e deixou a empresa. Reconhece que a Google e o plano de desenvolvimento pessoal de que todos os colaboradores beneficiam teve aí um papel fundamental. Ajudou-a a perceber as competências que teria de desenvolver para seguir o sonho de liderar um projeto social.



Veio para Portugal concretizar o objetivo a partir de Leiria, onde lançou o Speak. O projeto chegou entretanto a mais três cidades: Lisboa, Coimbra e Caldas da Rainha. Já envolveu 1.200 pessoas, que partilharam conhecimentos em 15 línguas. Neste momento envolve quase 400, de 42 países e 12 línguas. Dá emprego a três pessoas em full-time e integra 13 emigrantes como colaboradores em part-time. Está estruturado em duas componentes: os cursos de 18 horas e o Speak Pro. Esta segunda vertente assegura 80% da receita gerada pelo projeto e está concentrada na venda de serviços a empresas. Os melhores professores voluntários do programa são treinados pelos promotores do projeto e passam a prestar serviços no âmbito desta versão Pro.



Num futuro próximo o objetivo é levar o Speak a mais cidades portuguesas e a outros países. Pelo caminho, o conceito continua a ser testado, para confirmar que pode ser escalado nos moldes atuais.

Para concretizar o objetivo, a equipa do Speak está a iniciar uma ronda de contactos com potenciais investidores, adiantou ao TeK Hugo Menino Aguiar, que esta quinta-feira representou um dos novos projetos da Startup Lisboa apresentados num evento promovido pela incubadora, o Takeoff. Até à data, o projeto - com espaço na Startup Lisboa - beneficiou de investimentos sociais da Fundação Luso-Americana e da Fundação EDP.

A plataforma tecnológica que ajuda a divulgar e a "recrutar" novos alunos e professores para o Speak é o elemento central no plano de crescimento da empresa.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira