Foi ontem apresentado um estudo da APDSI sobre o Papel da Sociedade da Informação no aproximar das regiões, que pretendia avaliar o impacto das tecnologias da informação na redução de assimetrias regionais e o contributo que as TIC podem trazer no combate à desertificação de regiões do interior. Entre as várias análises realizadas o estudo conclui que o projecto Cidades e Regiões Digitais não está a contribuir de forma clara para a aproximação das regiões e que não existe uma correlação positiva entre o dinheiro investido e o impacto na qualidade de serviços prestados ao cidadão.

O estudo foi coordenado por António Serrano, membro da associação e professor da Universidade de Évora, que defendeu a importância das cidades médias como dinamizadores de polos de desenvolvimento regionais. Sem ter a pretensão de que este relatório esgota o tema, António Serrano explicou que o grupo de trabalho decidiu apontar a reflexão em matéria de planeamento do território a partir do potencial que as TIC encerram.

Nesse sentido a análise acaba por recair obrigatoriamente no projecto Cidades e Regiões Digitais, financiado pelo Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (POSC) onde há investimentos relevantes mas onde os impactos obtidos estiveram aquém do desejado.

Citando números obtidos por um estudo da Universidade do Minho, através do Gávea, o coordenador do estudo mostrou gráficos de adopção de tecnologia mas também de investimento por eleitor versus impacto, verificando-se a existência de situações extremas, como o impacto negativo no projecto Braga Digital, fracas prestações como a Madeira Digital e da Região do Litoral Alentejano face ao investimento avultado realizado, quando o exemplo do Seixal Digital se destacava pela positiva revelando um enorme impacto face a um investimento substancialmente mais reduzido do que o realizado noutros projectos.

António Serrano admitiu que falta trabalhar estes dados de forma qualitativa para perceber o que diferenciou o impacto dos projectos, aprendendo o que correu bem e aplicando esse conhecimento, mas admite que "não é claro que o projecto cidades e regiões digitais esteja a contribuir para aproximar as regiões".

O estudo indica ainda sete recomendações para melhorar o aproveitamento do potencial dos projectos cidades e regiões digitais e o seu papel de aproximar as regiões.

Livro da APDSI retrata últimos dez anos da sociedade da Informação em Portugal

A APDSI lançou também ontem um livro dedicado ao percurso português da Sociedade da Informação, onde 48 autores fazem a análise dos últimos 10 anos e perspectivam o futuro. A obra conta com a participação de personalidades portuguesas ligadas a este percurso da Sociedade da Informação em Portugal, entre as quais se contam Luís Vidigal, José Dias Coelho, Luís Mira Amaral, Luís Magalhães, Carlos Zorrinho, Roberto Carneiro e Manuel Lopes Rocha, entre outros.

A obra foi editada pelas Edições Sílabo e a sua publicação está incluída na celebração dos 10 anos da Sociedade da Informação que a associação tem vindo a assinalar com diversos eventos.

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