Os cientistas e unidades de investigação portugueses podem ter a partir de hoje acesso gratuito ao Web of Knowledge, uma base de dados de informação científica desenvolvida pelo Institute for Scientific Information, uma empresa americana do grupo Thomson. As portas foram abertas pelo Observatório das Ciências e das Tecnologias
- um organismo do Ministério da Ciência e da Tecnologia - através de um protocolo hoje anunciado com uma duração prevista de três anos e cujo valor monetário não foi divulgado.

Considerado um investimento fundamental em infraestruturas de utilização comum pela comunidade científica, este protocolo com a Web of Knowledge deverá permitir a constituição “de uma plataforma estruturante da Biblioteca de Ciência e Tecnologia em Rede, peça essencial da Universidade Telemática, cujo lançamento é um objectivo previsto nas Grandes Opções do Plano para 2001”, referem os documentos presentes no site do Observatório.

Essa mesma ideia foi realçada pelo Ministro Mariano Gago, grande defensor do conceito, que afirmou dever este projecto ainda ser completado com o cruzamento com bibliotecas nacionais e artigos publicados em revistas (veja Notícias Relacionadas). Além disso, embora não refira o valor da subscrição a nível nacional, Mariano Gago realçou que é mais vantajosa esta modalidade do que subscrições isoladas e que apesar de agora o investimento ser totalmente suportado pelo orçamento do Ministério, futuramente poderão ser equacionadas formas de comparticipação por parte de algumas das instituições que usufruem da assinatura.

Maria de Lurdes Rodrigues, presidente do Observatório, defendeu que esta é uma assinatura nacional e de cidadania, embora o acesso pelos cidadãos só possa ser feito na Biblioteca Nacional – que terá também uma subscrição, ou de outros laboratórios e instituições credenciadas. A subscrição de três anos dirige-se essencialmente a investigadores e deve ser usada nas instituições de investigação.

Os investigadores e instituições interessadas nesta subscrição devem tomar conhecimento das regras
e preencher um formulário (ambos documentos em Word) presentes no site do Observatório para as Ciências e as Tecnologias, devendo o formulário ser completado offline.

O modelo de assinatura nacional da Web of Knowledge havia já sido utilizado pela Islândia cujo Ministério da Educação decidiu abrir esta base de dados a todos os cidadãos. De referir ainda que esta plataforma é utilizada por mais de 1.300 instituições em todo o mundo, segundo dados da empresa referentes a Maio deste ano.

Com um repositório de informação nas mais variadas áreas científicas - matemática, biologia, engenharia ou ciências sociais, entre outras – que abrange artigos publicados, patentes e ainda trabalhos entregues por cientistas, a Web of Knowledge é descrita por Jeff Clovis, director de produto da ISN como a ferramenta essencial ao cientista. Durante uma apresentação extensa das funcionalidades da plataforma, hoje em conferência de imprensa, este responsável da ISN indicou o apoio a investigadores da fase de pesquisa à entrega de trabalhos e procura de referências e patentes registadas.

A Web of Knowledge integra a Web of Science e a ISI Current Contents Connect numa única plataforma sendo possível fazer pesquisa em texto integral na documentação indexada. A empresa afirma que ao fornecer uma solução integrada de informação aos cientistas é possível acelerar o seu processo de formação e pesquisas. Ao mesmo tempo esta plataforma pode tornar-se um excelente meio para avaliar desempenhos a nível de instituições, áreas científicas e até países.

Como amostra das potencialidades conseguidas através do ISI Essential Science Indicators, Jeff Clovis disse que em termos de trabalhos referidos na base de dados em que participaram cientistas portugueses, a Química liderava com 3.655 trabalhos listados e o primeiro lugar em citações, seguindo-se a Física e a Medicina Clínica. Realçou ainda que se nota um crescimento dramático do número de citações de trabalhos com participação portuguesa, que cresceram 500 por cento nos últimos anos, atingindo actualmente mais de 30 mil referências.

Fátima Caçador

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