Na última década, a tecnologia transformou definitivamente as nossas vidas, alterando a forma como comunicamos, como compramos, viajamos, vemos televisão ou como utilizamos tantos serviços. Sem exceção, também está a mudar a área dos cuidados de saúde e profundamente.
A transformação digital influencia quer o modo de trabalhar dos profissionais de saúde, quer a forma de relacionamento dos pacientes e cidadãos com o sistema de saúde. Os profissionais têm ao seu alcance novas formas de prestação de cuidados de saúde, com recurso a equipamentos de diagnóstico cada vez mais sofisticados, que permitem uma atuação mais precisa e célere nos tratamentos.
Do lado dos pacientes, há uma maior facilidade de acesso a informação de saúde, com a internet, redes sociais e fóruns de discussão, que veio aumentar o grau de autoconhecimento e, consequentemente, de exigência sobre os cuidados prestados. Mas meios que nunca devem ser substitutos de uma consulta com um profissional de saúde.
No futuro, a gestão de cuidados de saúde passará cada vez mais pela personalização do serviço cidadão a cidadão, em que a mobilidade e os meios remotos de diagnóstico e monitorização vão permitir prestar um serviço on-demand, de forma mais conveniente e optimizadora de recursos.
As despesas com os cuidados de saúde continuam a aumentar dramaticamente em todo o mundo, calculando-se que possam ultrapassar os 10 biliões de dólares em 2022 – in 2019 Global Health Care Outlook, Deloitte
Como podem os prestadores de serviços responder a estas e a outras exigências crescentes? A resposta está no recurso a tecnologias inovadoras, que permitam acompanhar e monitorizar pacientes com quadros clínicos específicos (por exemplo, doentes crónicos, doentes seniores, doentes em convalescença, doentes em pós operatório) fora dos estabelecimentos clínicos, reduzindo-se assim custos operacionais, conferindo autonomia aos pacientes e melhorando a experiência e qualidade de vida dos mesmos.
Virtualização e telemedicina em destaque
Os investimentos em tecnologias como a virtualização ou a telemedicina podem ajudar as empresas da área da saúde a alargarem o seu portefólio de serviços, proporcionando um outro nível de prestação de cuidados. Estas tecnologias são um bom primeiro passo para reduzir custos e melhorar o acompanhamento e monitorização dos pacientes, à medida que se efetua uma transição para um novo modelo de assistência médica centrado no paciente e para novas abordagens mais inteligentes, eficientes e seguras.
O setor das tecnologias da saúde deverá atingir os 280 mil milhões de dólares em 2021, com uma taxa de crescimento anual de 15,9% entre 2016-2021 – Deloitte
Os avanços na telemedicina permitem hoje fazer teleconsultas e telediagnósticos, com consultas médicas à distância através de videoconferência, que facilitam o dia-a-dia dos utentes e promovem uma maior partilha de conhecimentos entre profissionais de saúde.
A Altice Empresas tem-se posicionado como uma referência nesta área, apostando num roadmap de I&D dedicado ao setor da saúde, com o suporte da Altice Labs, o centro de inovação do Grupo Altice em Portugal.
Exemplo disso foi a implementação através da Altice Labs, em 1998, de uma solução pioneira de teleconsulta em tempo real - o Medigraf® - no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Coimbra. Esta solução foi criada essencialmente para dar resposta à escassez de médicos especialistas em determinadas zonas do país, funcionando hoje em rede com todos os hospitais e maternidades da região Centro e alguns na região Norte. Internacionalmente, a solução funciona também entre o Hospital de Coimbra e Angola e entre o Instituto Marquês Vale Flôr e S. Tomé e Príncipe.
A plataforma Medigraf® promove o trabalho colaborativo entre profissionais de saúde, nomeadamente possibilitando a elaboração de diagnósticos em conjunto com vários médicos em geografias distintas, a partilha em tempo real de exames e a realização de teleconsultas, entre outros. Esta plataforma torna-se igualmente útil na atual situação de pandemia, pois permite a ligação remota entre profissionais de saúde, para troca de experiência e informação entre todos, assim como, mais recentemente, teleconsultas entre profissionais de saúde e utentes.
64% dos consumidores apontam a conveniência e o acesso como vantagens importantes da virtualização da saúde – Deloitte
A adoção de uma plataforma deste género, permite aos fornecedores de serviços na área da saúde diminuir os custos associados às consultas e deslocações, tornar mais ágil e rápido o processo de partilha de experiências e conhecimento, garantir diagnósticos mais robustos, reduzir o tempo de espera para consultas de especialidade, entre outras vantagens, que também acabam por ser válidas para os utilizadores finais.
Igualmente no portefólio de soluções de saúde da Altice Empresas, destaque para a solução de telemonitorização Smart AL - Smart Assisted Living, uma plataforma para prestação de cuidados de saúde de forma remota. Com esta solução é possível acompanhar, em tempo real, os doentes crónicos ou seniores, assim como situações de convalescença ou follow-up pós-hospitalar, através da telemonitorização de sinais vitais e do suporte a atividades do dia-a-dia relacionadas com a saúde, o bem-estar e a segurança para melhoria de qualidade de vida destas populações mais vulneráveis.
Esta solução permite criar planos de acompanhamento e efetuar agendamentos para o utente ser alertado para a toma de medicação, realização de exercícios, datas de realização de consultas, entre outras atividades. Para além disso, esta plataforma permite também a integração de diferentes dispositivos biométricos e sensores existentes no mercado, de acordo com as necessidades de monitorização dos pacientes, o que possibilita que as medições efetuadas nestes aparelhos possam automaticamente aparecer na plataforma sem necessidade de inserção manual das mesmas, embora a opção manual também esteja sempre disponível. Assim, é possível automatizar a monitorização do utente, garantindo a receção de alertas e o registo de histórico dos dados na ficha clínica, permitindo antecipar alterações no estado de saúde e atuar preventivamente.
O SmartAL disponibiliza ainda um sistema de comunicação à distância que inclui, além de inquéritos e conteúdos educativos para o utente, o acompanhamento profissional contínuo, à distância e em tempo real, através de vídeo consulta, chat, lembretes e notificações, o que se torna especialmente útil no atual contexto de pandemia.
Prova da importância e relevância desta solução, foi o reconhecimento tido no Santa Casa Challenge Extra COVID-19, edição especial do concurso de inovação digital da Casa do Impacto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que decorreu em abril passado e premiou a solução SmartAL por ser uma solução tecnológica e digital que responde às necessidades específicas dos idosos em confinamento profilático nas instituições ou em isolamento social domiciliário causados pelo COVID-19. Para além das funcionalidades da solução referidas anteriormente, esta plataforma permite também que a rede funcional de apoio - quer sejam família, cuidadores profissionais, ação social ou outras instituições e entidades - tenha acesso a todas as funcionalidades através da utilização de perfis com permissões distintas.
Desta forma, os utentes sentem-se mais acompanhados e protegidos, atenuando o sentimento de insegurança e medo que se instalou com a pandemia. Também a questão do contacto fica assegurada, podendo fazê-lo através de videochamada para a sua rede funcional de apoio o que ajuda a mitigar a sensação de solidão e ansiedade.
A par de soluções deste género, existem novos players, como a Amazon, a Google e a Apple, a competir globalmente no mercado da saúde, com uma capacidade significativa de investimento em inovação e de atração dos melhores parceiros de desenvolvimento. Possuem um poder abrangente de catalisar processos de mudança, através de modelos de negócio disruptivos, produtos e serviços centrados no utilizador e interfaces desenhados de forma simples e intuitiva.
A mudança está na tecnologia, mas também nos processos
A transformação digital na área da saúde não é apenas tecnológica, implica alterar processos, modelos de negócio, inovar modos de atuação e, por último mas não menos importante, capacitar os profissionais de saúde com competências e ferramentas que lhes permitam atuar de forma motivada e eficazmente neste novo paradigma.
O ano 2020 ficará certamente marcado como o momento que mais contribuiu para a aceleração da digitalização do setor da saúde, devido à exigência da pandemia, que obrigou a uma forte aposta em tecnologias que permitam uma melhor gestão de conhecimento e interação remota entre profissionais de saúde, bem como a manutenção do contacto e monitorização de pacientes com ferramentas que garantam o distanciamento social necessário à segurança de todos.
As clínicas, laboratórios, hospitais e demais prestadores de serviços de cuidados de saúde que melhor entenderem a forma como os consumidores querem usar a telemedicina, os wearables de monitorização ou dispositivos fitness, diferentes recursos online, redes sociais, etc., também vão estar em melhor posição de desenvolverem estratégias de relacionamento que ajudem os seus pacientes a tomar decisões mais informadas, levando desta forma a um aumento da satisfação com os cuidados prestados e com o bem-estar.
Entretanto também já não podem descurar as capacidades que tecnologias como a Inteligência Artificial (IA), a robótica, a cloud, a realidade virtual ou a Internet of Medical Things (IoMT), entre outras, estão e vão continuar a acrescentar ao setor.
Estas tecnologias revelam-se importantes não apenas no tratamento de doenças ou na execução de procedimentos complexos, mas também no apoio ao bem-estar e prevenção.
Enquanto a robótica é capaz de fazer o que os humanos fazem com mais eficiência, precisão e a um custo menor, a IA ajuda, por exemplo, a descobrir padrões de comportamento, através da monitorização dos dispositivos de assistência médica conectados aos pacientes e entre si, oferecendo enormes oportunidades no campo dos cuidados preventivos.
Além disso, o conhecimento recolhido das várias fontes, incluindo pacientes, dispositivos conectados e equipa médica pode ser digitalizado e automatizado.
De acordo com a Juniper Research, prevê-se que a utilização de chatbots na área da saúde cresça significativamente, devendo representar uma poupança anual de cerca de 4 mil milhões de dólares em 2023. Também a utilização de IA no apoio às plataformas de conhecimento, diagnóstico e decisão será uma realidade crescente na atividade dos profissionais da saúde e no relacionamento com os pacientes.
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