(Actualizada)
Foram hoje formalmente assinados os protocolos que marcam a colaboração entre o Estado Português e o MIT, com um programa definido para os próximos cinco anos em cinco áreas consideradas estratégicas. Na prática o programa já está no terreno, com as algumas universidades, professores e alunos a trabalharem com a instituição.

Durante a cerimónia que decorreu hoje ao final da manhã no Centro Cultural de Belém, o primeiro ministro José Sócrates salientou que este é um momento de viragem para Portugal, as Universidades e a comunidade científica, marcado pela vontade de internacionalização e a aposta na ligação entre Universidades e Empresas.

Reconhecendo que o esforço de internacionalização já vem de longe, com iniciativas como o Erasmus e Bolonha, José Sócrates acrescentou que "nunca tínhamos ido tão longe. Este acordo expressa ambição naquilo que é determinante para a afirmação da Universidade portuguesa, na vontade de trabalhar num ambiente internacional, exigente e competitivo".

O primeiro ministro salientou ainda a ligação que existe entre o Plano Tecnológico e a vontade deste Governo investir no Conhecimento e na Ciência, destacando que este acordo não surge por acaso e que foi muito trabalhado pela sua equipa.

Como exemplo deste esforço, José Sócrates lembrou que este ano o Governo aumentou em 64 por cento o orçamento disponível em 2007 para a área da Ciência, apesar de estar a reduzir a despesa do Estado. O primeiro ministro adiantou que nenhum país na Europa fez o mesmo, embora reconhecendo que a situação do país registava um atraso que era preciso ultrapassar.

José Sócrates adiantou ainda que no próximo Quadro de referência Nacional, para o período de 2007 a 2013, Portugal vai aumentar para 37 por cento a alocação de recursos financeiros provenientes da EU para a área da formação, numa subida significativa em relação aos 24 por cento alocados anteriormente.

“Este é um ponto de viragem mas englobado num ambiente geral para melhorar o factor de atraso no domínio da educação conhecimento potencial cientifico”, contextualizou o primeiro ministro, salientando que a boa concretização do acordo hoje assinado já não está nas mãos dos políticos mas sim nas Universidades e na comunidade científica.

Interesses convergentes
Phil Clay, presidente do MIT, afirmou em conferência de imprensa que a sua instituição mantém uma série de parcerias semelhantes à que foi assinada hoje em diversos pontos do mundo, e que na selecção das parcerias procuram sempre escolher entidades com quem já tenham trabalhado, mas também onde exista uma sintonia de interesses de investigação. Essa sintonia explica a escolha das quatro áreas onde o acordo se vai desenvolver, a Gestão, Engenharia, Energia e Transportes e Bioengenharia.

Em resposta ao TeK, admitiu que há algumas áreas onde Portugal está bastante desenvolvido, como é o caso da Energia, e onde o MIT terá alguma coisa a aprender também com as instituições com que vai trabalhar.

O presidente do MIT acrescentou ainda ter ficado bastante impressionado com o discurso de José Sócrates e o empenho que o Governo português está a colocar no investimento na ciência e comparou-o ao compromisso de Kennedy com o objectivo de colocar um homem na Lua em 1962, afirmando que é preciso este empenho político para garantir o desenvolvimento do pais.

Comparando esta parceria com outros acordos internacionais o responsável pela Escola de Engenharia do MIT não escondeu também a sua preocupação pelo facto do acordo abarcar um número tão elevado de instituições. Normalmente o número é mais reduzido mas, sendo Portugal um país de pequena dimensão, foi dificil encontrar equipas com dimensão significativa nas áreas de interesse para avançar com o projecto, explicou o responsável, adiantando ainda que esta foi também a vontade do Governo Português.

5 anos de parceria
O acordo entre o MIT e o Estado Português já está em marcha, depois da avaliação preliminar que permitiu identificar as áreas onde seria possivel estabelecer uma parceria. O prazo de colaboração para já definido é de cinco anos e perante a pergunta sobre se haveria possibilidades de continuar, os sorrisos foram evidentes.

O Programa envolve centros de investigação, docentes, investigadores e alunos na forma de consórcios entre escolas de engenharia, faculdades de ciências e tecnologia e escolas de economia e gestão em 7 universidades portuguesas, incluindo ainda empresas, Laboratórios Associados e Laboratórios de Estado.

Na área de Engenharia a parceria é coordenada no MIT pela Engineering Systems Division e será desenvolvida com base em 4 áreas temáticas, nomeadamente a Engenharia de Concepção e Sistemas Avançados de Produção Industrial, Sistemas de Energia, Sistemas de Transporte, e Sistemas de Bio-engenharia.

Na gestão a colaboração é estabelecida com a Sloan School of Management e o concretizar-se-á através de um Programa de MBA, de âmbito internacional. Está ainda previsto o lançamento de um programa de seminários de doutoramento a iniciar já em 2006, na forma de «Lisbon-Sloan Seminar Series in Management Science».

600 alunos e 200 professores
O Programa MIT-Portugal vai envolver mais de 600 alunos pós graduados e 200 professores, explicou o Ministro da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago, em conferência de imprensa, salientando porém que o objectivo é de envolver também alunos em licenciatura logo desde o primeiro ano, explorando o seu potencial criativo e complementando um processo de formação tradicional.

Manuel Heitor, secretário de estado, detalhou que o processo de selecção dos alunos a integrar no programa já está a decorrer em algumas instituições, já que não quiseram perder tempo e por isso alguns doutorados estão já a trabalhar com o MIT, assim como algumas Universidades e Laboratórios.

Alguns dos alunos envolvidos no programa serão provenientes das empresas portuguesas que se associaram à iniciativa, que assumiram também o compromisso de absorver alguns dos pós graduados que serão formados no âmbito deste programa (veja Empresas portuguesas comprometem-se no Programa MIT-Portugal).

Nota de Redacção: [2006-10-11 18:09] A notícia foi actualizada com mais informação entretanto disponibilizada.

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