A 18 de junho a Nvidia ultrapassou a Microsoft como a empresa cotada mais valiosa de Wall Street, ao atingir três biliões de dólares de valorização, uma cotação que caiu nos dias seguintes. no início do mês já tinha ultrapassado a Apple , que ostentou o título de mais valiosa durante vários anos.

Chris Miller, autor da "A Guerra dos Chips", relata a história da tecnológica que acabou por dominar o mercado de processadores gráficos. Os seus chips são utilizados para alimentar muitas aplicações de inteligência artificial (IA) e isso tem tido impacto no seu desempenho bolsista.

A Nvidia "teve a suas origens humildes não num café da moda em Palo Alto, mas num Denny's", uma cadeia norte-americana de restaurantes tipo cafetaria, normalmente localizadas em estações de serviço, "numa zona problemática de San José", relata Miller.

Jensen Huang, que é o presidente executivo (CEO), nasceu em Taiwan, mas mudou-se em criança para o Kentucky e trabalhou para a LSI, fabricante de chips de Silicone Valley. Hoje o seu estatuto está ao nível de uma estrela de rock e arrasta multidões por onde passa, como aconteceu recentemente na Computex, em Taipei.

"O primeiro conjunto de clientes da Nvidia - companhias de vídeo e videojogos - podiam não parecer o paradigma da sofisticação, mas a empresa apostou que o futuro dos gráficos estaria na produção em 3D de imagens complexas", refere Chris Miller.

A Nvidia desenhou os chips designados como GPU (Unidades de Processamento Gráfico), capazes de processar gráficos 3D, mas também um ecossistema de software à volta dos mesmos.

Comparativamente à concorrência, os chips da Nvidia são muito rápidos, o que numa altura em que a IA está no cerne do desenvolvimento tecnológico é um fator diferenciador.

Tem havido uma procura insaciável pelos chips da Nvidia para alimentar aplicações de IA, o se traduziu na sua "super valorização" na bolsa de Nova Iorque, trazendo alguns receios sobre uma eventual bolha de mercado. No entanto, o seu potencial não tem assustado os investidores e neste momento está no restrito grupo das'7 magníficas ações: Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla.

De acordo com os analistas, a empresa de semicondutores traz a possibilidade de um crescimento contínuo, à medida que inaugura uma nova era que irá refazer a economia.

Com sede em Santa Clara, a 75 quilómetros a sul de San Francisco, a tecnológica iniciou os primeiros passos com a japonesa Sega. Posteriormente começaram as primeiras alianças com a Microsoft, que escolheu a Nvidia para desenhar as placas gráficas da consola Xbox no início do século XXI.

Em 2001, a tecnológica entra no S&P 500, convertendo-se na empresa de semicondutores que mais rápido alcançou os 1.000 milhões de dólares de receitas.

Em 2005 anunciava que estava a desenvolver processadores para a PlayStation 3 da Sony e, posteriormente, os GPU que se adaptavam às necessidades de fabricantes como a Apple - com o seu MacBook - e para as 'tablets' Android que marcaram a década seguinte.

A IA generativa veio a acelerar o seu crescimento. Por exemplo, o ChatGPT, da OpenAI, corre sobre os chips da Nvidia desde 2022.