A tendência de crescimento do sistema científico e tecnológico português, ininterrupta desde 1995, é confirmada pelos resultados provisórios do mais recente Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional, a actualização bi-anual da série de estatísticas referentes à investigação científica e ao desenvolvimento tecnológico (I&D) em Portugal, organizada pelo Observatório das Ciências e das Tecnologias. Mas, o principal dado a reter é o forte crescimento no sector das empresas, quer quanto aos recursos humanos em actividades de I&D, quer quanto à despesa executada por este sector relativamente à despesa total nacional durante 2001.



Embora ultimamente Portugal seja caracterizado por uma reduzida contribuição das empresas para as despesas nacionais em I&D, e igualmente fraca incorporação de investigadores neste sector, dos resultados obtidos com o IPCTN 2001 poderá concluir-se a existência de um forte crescimento da despesa e dos recursos humanos.



O volume da despesa das empresas registou um crescimento anual de 28 por cento desde 1999, refere o Observatório em Comunicado, e, se em 1999 este sector executou 23 por cento da depesa total em actividades de I&D, em 2001 o valor executado subiu para 32 por cento, traduzidos em 330 milhões de euros. Continua, contudo, ainda longe da média europeia, calculada nos 55,5 por cento, em 1999. Porém, é salientado que 94 por cento da despesa executada em 2001 foi financiada pelas próprias empresas.



Também maior do que o verificado nos outros sectores, o fortalecimento dos recursos humanos nas empresas registou entre 1999 e 2001 uma taxa média de crescimento anual de 17,4 por cento do número de investigadores.



O Observatório afirma que este crescimento entre as empresas poderá representar um momento histórico no sistema científico nacional, referindo contudo que esta é uma conclusão que só se poderá tirar dentro de alguns anos, já que para a continuidade deste tipo de evolução, "será decisiva a manutenção de uma política de investimento público em I&D e de apoio ao crescimento da I&D empresarial", salienta.



O crescimento do sistema científico nacional em 2001 está patente na despesa executada em actividades de I&D, referem os responsáveis pelo relatório, que corresponde a 0,83 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), isto é, cerca de mil milhões de euros. Em 1997 e em 1999 estes valores foram respectivamente 0,62 por cento e 0,75 por cento do PIB.



Deste modo, o crescimento médio anual entre 1999 e 2001 foi de 7 por cento, aproximando Portugal um pouco mais da média dos países da UE quanto à despesa total sobre o PIB, que em 2000, foi de 1,88 por cento.



Também os recursos humanos aumentaram desde 1999. A taxa de crescimento dos investigadores a tempo integral (ETI) entre 1999 e 2001 foi de seis por cento ao ano. O total de 17.562 investigadores que trabalham em ETI corresponde assim a 3,4 indidíduos em cada 1.000 activos, a comparar com a média da UE de 5,3 da média, em 1999.



Já nos sectores do Ensino Superior e das Instituições Privadas sem Fins Lucrativos (IPSFLs), que concentram a maior parte dos recursos humanos e financeiros afectos às actividades de I&D, o crescimento abrandou significativamente entre 1999 e 2001, isto é, quatro por cento ao ano no Ensino Superior e três por cento ao ano nas IPSFLs.



Em relação ao Estado observa-se um decréscimo no valor da despesa executada de seis por cento ao ano entre 1999 e 2001. Segundo o Observatório da Ciências e das Tecnologias, os recursos humanos afectos a este sector apresentam uma estagnação, observando-se apenas um ligeiro crescimento no número de investigadores.



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