O estudo que acaba de ser divulgado pelo Web Summit é já a quinta edição do relatório, mas não mostra muitas mudanças. As mulheres na tecnologia continuam a sentir-se mais mal pagas, sub representadas e sub financiadas, com o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal a tornar-se uma preocupação crescente entre as que participaram no estudo.

"Não pertenço ao clube dos rapazes", "Há sempre um homem na sala que fala mais alto do que eu" ou "Sem um suporte de cuidado de crianças a funcional torna-se mais desafiante para as mulheres que querem ter uma família e continuar a participar plenamente na força de trabalho" são alguns dos testemunhos partilhados no relatório.

"A cultura que a indústria tecnológica promove está inclinada para a cultura masculina tóxica, celebrando líderes egoístas como Musk e admirando líderes femininas que copiam comportamentos semelhantes", afirma outra das participantes no estudo.

Quase um terço das mulheres referem ainda o acesso a financiamento como um dos principais problemas para começar um negócio, o que se reflete na dificuldade de assegurar venture capital. Mais de metade notam também a falta de mulheres em posições de liderança e sentem que a compensação financeira está abaixo da dos homens.

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Para a maioria o sexismo no local de trabalho é ainda uma realidade, relatada por 50,8% das mulheres que participaram. E quase metade (49,1%) já sentiram pressões para ter que escolher entre a família e a carreira, numa subida de 7% ace ao ano passado. 

Ainda assim, 76% das mulheres que participaram no estudo "Women in Tech 2024" do Web Summit sentem-se preparadas para liderar.

Em comunicado o Web Summit diz que o apelo à mudança é evidente. Quase 56% das mulheres sentem que a indústria não está a fazer o suficiente para resolver as desigualdades e 69% estão insatisfeitas com os esforços governamentais.

A conferência tem registado uma subida do número de mulheres que participam desde o lançamento do programa Women in Tech em 2015. Em 2021 as mulheres superaram pela primeira vez os homens no Web Summit e desde essa altura os números têm mantido uma quase paridade. 

O Web Summit adianta ainda que há um crescimento significativo do número de startups fundadas por mulheres e que este ano, em Lisboa, serão quebrados recordes, com um terço das 3 mil startups a participar a serem lideradas por mulheres.