(Actualizada) A Microsoft anunciou que está a negociar com a Mobicomp a compra da empresa portuguesa de soluções de mobilidade. O investimento é um dos mais importantes de sempre realizado pela Microsoft em Portugal.

A Mobicomp não estava à venda, mas acabou por considerar o negócio em resultado da forte pesquisa internacional, admitiu ao TeK Carlos Oliveira, CEO e fundador da empresa de Braga. "Achamos que é uma ampliação do que fizemos nos últimos oito anos", refere, adiantando que o negócio com a Microsoft foi iniciado ainda em Janeiro.

Nuno Duarte, director-geral da Microsoft Portugal, diz que a intenção é adquirir a totalidade do capital da Mobicomp e com a operação integrar o centro de investigação e desenvolvimento em mobilidade, um dos maiores fora dos Estados Unidos, embora a empresa já possua centros de I&D nesta área em vários países, como a China e o recentemente criado em França para a área de entretenimento móvel.

O negócio deverá estar fechado dentro de duas a três semanas, sendo o maior investimento de sempre em Portugal da Microsoft em Portugal. Os pormenores estão ainda a ser negociados, entre os quais o valor financeiro da aquisição.

O centro de I&D vai manter-se nas actuais instalações da Mobicomp, conservando a "maior parte ou a totalidade" das 40 pessoas que actualmente fazem parte da equipa da empresa, adianta Nuno Duarte.

Segundo o director-geral da Microsoft em Portugal, a aquisição mostra que "o mercado português tem condições para as empresas gerarem produtos inovadores à escala mundial". Esta é uma "aquisição de talento e uma aposta na inovação em Portugal", onde a Microsoft tinha já revelado uma dinâmica com a criação em 2003 do centro de suporte telefónico europeu e, em 2005, com a criação do primeiro centro de I&D fora dos Estados Unidos na área da linguagem natural, referiu em conferência de imprensa.

As condições que o mercado português tem criado de aposta na tecnologia e a capacidade da subsidiária de atrair e desenvolver talento permite dar visibilidade na Microsoft Corporation de que Portugal é um bom sítio para adquirir talento e fazer desenvolvimento, justifica o director-geral da empresa.

Novos voos para a Mobicomp

Rentável desde a sua criação, em 2000, a Mobicomp é vista como uma empresa de grande potencial, tendo registado receitas de três milhões de euros em 2007, tendo crescido 100%. Apesar de outras sondagens para aquisições os sócios fundadores e os investidores nunca consideraram vender a empresa.

Carlos Oliveira adiantou à margem da conferência de imprensa que "o negócio não foi feito por uma questão financeira. Essa é importante mas não fundamental", revelando que "essa foi a parte mais fácil de negociar" mas sem adiantar valores.

Ao TeK o Ceo da Mobicomp afirma que nas negociações não abedicaria da localização do Centro de I&D em Portugal por considerar que dificilmente conseguiria manter o mesmo talento concentrado que tem actualmente a Mobicomp, mas que o alinhamento estratégico é também fundamental. "O cenário proposto pela Microsoft é uma oportunidade enorma de amplificar a visão e o impacto da tecnologia e de fazer crescer o talento [da Mobicomp]", explicou.

Carlos Oliveira não esconde que este é um desafio, mas a perpectiva de influenciar o que se vai passar neste mercado a nível mundial e de integrar uma área que a Microsoft definiu como estratégica são grandes aliciantes para toda a equipa da Mobicomp, que mostrou "que é possível, a partir de Portugal - e de Braga, não de Lisboa - criar uma empresa com o objectivo de atacar o mercado mundial.

A notícia foi ontem transmitida à equipa da Mobicomp que aceitou "com entusiasmo", segundo o CEO e fundador da empresa.

Nota de Redacção: A notícia foi actualizada com mais informação entretanto recolhida em conferência de imprensa.

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