Multiplicam-se as iniciativas que pretendem dar espaço às startups para apresentarem os seus projetos a investidores, mas o Pitch at the Beach quer diferenciar-se e traz esta fim de semana um evento de investimento onde se vão discutir tendências e se promove o desenvolvimento de soft skills e de networking. Israel Pons, cofundador do Pitch at the Beach, explica em entrevista ao SAPO TEK que a iniciativa, que nasceu na América do Sul, se diferencia pela criação de uma comunidade.

>O Pitch at the Beach é diferente porque não é um evento onde as startups vão apresentar o seu pitch, é um evento onde empreendedores, empresários, investidores, diretores de empresas à procura de inovação vêm para 3 dias de networking, para se ligarem entre si de uma forma mais humana, para que uma boa relação de negócios possa nascer”, afirma, explicando que esta é uma comunidade que mantém contacto e fecha negócios, de modo a gerar crescimento e impacto positivo.

Durante três dias, de 2 a 4 de julho, o Pitch at the Beach tem uma agenda preenchida por onde passam as tendências de metaverse, NFT’s e criptomoedas e onde 30 startups vão ter oportunidade de apresentar o seu pitch, próximo da praia, na Marina de Oeiras. Foram registadas 450 candidaturas para participar no evento, de 18 países, e entre as 30 startups escolhidas estão 14 portuguesas, que procuram investimento para crescer e para se internacionalizarem.

Israel Pons caracteriza o ecossistema de empreendedorismo em Portugal como um “ecossistema maduro” e explica que isso se consegue com a combinação de incubadoras, aceleradoras, investidores, empreendedores e programas governamentais eficientes que apoiam a inovação e as empresas desde o início.

“Esta fórmula funciona há vários anos e tem alcançado imenso sucesso, tendo contribuído para a criação de unicórnios portugueses num mercado que é pequeno, mas que beneficia de ter acesso ao mercado europeu”, justifica o fundador do Pitch at the Beach.

“Pitch at the Beach” está à procura de startups inovadoras com projetos de internacionalização
“Pitch at the Beach” está à procura de startups inovadoras com projetos de internacionalização
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Mesmo assim há desafios a superar, sendo um deles a internacionalização. “O desafio para as startups portuguesas é tornarem-se internacionais o mais rápido possível e que as suas soluções sejam relevantes não só para Portugal, mas para a Europa e para todo o Mundo”, afirma o fundador da iniciativa que chega agora a Portugal e que contou com o impulso de Eduardo Baptista Correia, CEO do Taguspark, e Alexandre Fonseca, Co-CEO da Altice Europe, local founders deste evento.

“Ajudar projetos a tornarem-se internacionais é um dos maiores desafios. Por essa razão, o Pitch at the Beach sempre procurou startups com essa ambição de internacionalização, cujos projetos estão a resolver problemas que não afetam apenas a nível local, mas também internacionalmente”, defende Israel Pons.

Nas edições anteriores o Pitch at the Beach recebeu startups de Espanha e outros países europeus nas edições no México, e agora há startups da América Latina que vão  apresentar o seu pitch em Portugal. “Isto, não só abre portas a estes mercados, mas como temos participantes de diferentes regiões, permite às start-ups dar um passo rumo à internacionalização. Não só através de investimentos, de business angels e venture capital, mas também pelo acesso a parceiros”, afirma.

Israel Pons, fundador do Pitch at the Beach
Israel Pons, fundador do Pitch at the Beach

O empreendedor sublinha que por vezes, as startups não precisam de investimento direto, precisam essencialmente de um parceiro em quem possam confiar e que possa ajudá-las a entrar noutros mercados.

“Acreditamos que as start-ups presentes no Pitch at the Beach Portugal vão poder encontrar mentores, parceiros comerciais, parceiros tecnológicos, alguém que os ajude a crescer internacionalmente e, claro, estar expostos a investidores que vão olhar para os seus projetos com o objetivo de investir”, garante.

Uma evolução que passa por ecossistemas regionais

Embora considere o ecossistema português como maduro, Israel Pons acredita que a evolução também passa por conseguir maior dispersão geográfica das iniciativas. “Em Portugal, as áreas mais desenvolvidas estão nas grandes cidades, tal como sucede em todo o mundo. Isto acontece porque a maioria dos projetos, das incubadoras e aceleradoras e das start-ups estão nas maiores cidades […] Acredito que, no futuro, tanto em Portugal como no estrangeiro, vamos ter ecossistemas regionais de inovação e empreendedorismo”, explica, apontando Oeiras como um exemplo que, apesar da proximidade com Lisboa, consegue atrair startups que não querem estar nas grandes cidades, beneficiando de uma melhor qualidade de vida.

Este é um dos pontos destacados pelo empreendedor que refere também o potencial de Portugal se tornar um hub de fixação de empresas que queiram explorar o mercado europeu. Como as startups, incubadoras, aceleradoras e scaleups podem trabalhar remotamente, significa que criar uma start-up e vê-la crescer em Portugal é bastante atrativo. Pela qualidade de vida, muito acima de outros pontos na Europa, e também porque é uma excelente porta de entrada para start-ups de outras partes do Mundo que queiram entrar no mercado europeu”, defende.

Esta capacidade de atrair startups que se juntam aos unicórnios e scaleups portuguesas pode contribuir para que nasçam mais empresas de mil milhões de dólares em Portugal, mesmo com cofundadores de diferentes áreas geográficas.

Comparando o contexto português com a América Latina, onde o Pitch at the Beach começou, Israel Pons admite que Portugal tem um ecossistema mais maduro, com incubadoras e aceleradoras a funcionar há muitos anos e que já estão numa fase de maior estabilidade.

O desafio na América Latina é encontrar alguma estabilidade”, explica, sublinhando que o ecossistema é, acima de tudo, patrocinado por programas e entidades governamentais que estão muito alinhados com o que o que os governos pretendem, as indústrias que lhes interessam, com o intuito de gerar projetos de interesse próprio.

Ainda assim defende que este é um mercado de grande potencial. “Ainda há um enorme caminho a percorrer, contudo, surpreendentemente, a América Latina está a ser apontada como a região com mais atividade de venture capital, que é a fase embrionária do investimento, em todo o mundo”, acrescenta Israel Pons. “Há muita inovação, empreendedores estão a mover-se para cá e isto irá posicionar, muito rapidamente, a América Latina no ecossistema empreendedor global”.

O SAPO TEK e o SAPO são parceiros de media do Pitch at the Beach.