A ParaRede anunciou ontem a aquisição de 9 por cento do seu capital, alienado pelo banco Totta que, desta forma, reduz a posição na empresa de tecnologias da informação para metade. Os 20 milhões de acções alienadas pelo banco foram compradas no dia 30 de Setembro pela Structured Investments, uma sociedade detida pelos administradores da empresa, refere a comunicação enviada à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários. O volume de acções é representativo de 9,13 por cento do capital e 9,14 por cento dos direitos de voto.



A ParaRede informou ainda que adquiriu ao BES (o seu maior accionista) a opção de compra de 15 milhões de acções, representativas de 6,85% do capital social e 6,86% dos direitos de voto.



Para a ParaRede, a primeira metade da semana fica ainda marcada pela saída de dois administradores - Luís Manuel Abrantes Marques e Rui Lopes Ferreira. Ambos apresentaram as respectivas cartas de demissão no dia 29 de Setembro, segundo a própria ParaRede, embora a comunicação destes saídas ao mercado tenha sido feita em dias distintos. Um dia antes e um dia depois da apresentação dos resultados semestrais.



Nos primeiros seis meses do ano, a ParaRede obteve resultados líquidos de 8,5 milhões de euros, o que representa uma melhoria de 42 por cento face ao período homólogo. As receitas fixaram-se nos 9,9 milhões de euros, subindo 6 por cento, enquanto o EBITDA melhorou 65 por cento, numa comparação proforma com o primeiro semestre de 2002, atingindo os 1,9 milhões euros negativos.



Paulo Ramos, presidente do Conselho de Administração da ParaRede explicou ao Tek que os administradores demissionários, representantes dos accionistas CBI e BPI, poderão não ser repostos. Segundo o responsável, esta é uma decisão que não está tomada mas é essa a inclinação do Conselho de Administração da empresa. A manter-se, a ParaRede passa a contar com o número mínimo de administradores (cinco) previsto pelos seus estatutos.



Relativamente às operações anunciadas ontem ao mercado, Paulo Ramos refere que a compra de acções ao Totta pela empresa que integra (juntamente com os outros dois administradores executivos) "responde ao desejo de deter na empresa uma participação qualificada, sobretudo porque acreditamos no projecto".



A participação agora adquirida poderá ascender a 16 por cento em 2008, altura em que a sociedade detida pelos três administradores poderá exercer a opção de compra, relativamente às acções do BES. O responsável garante que, para já, a sociedade não tem intenção de aumentar a sua participação na Pararede.



Para o último trimestre, Paulo Ramos reitera os objectivos de atingir a rentabilidade operacional, prevendo que o EBITDA saía do vermelho, bem como o aumento dos proveitos operacionais e das receitas.



Já na conferência de imprensa de apresentação de resultados, o responsável tinha afirmado que a reestruturação da empresa estava terminada e que nos próximos dois anos é esperado um crescimento médio anual da facturação na ordem dos 20 por cento, relata a Agência Financeira.



O capital social da ParaRede é detido pelo BES (com 32,78 por cento), pelo CBI (com 3,27 por cento), BCP (com 4,94 por cento), BP (com 12,28 pr cento), Totta (agora com 9,13 por cento), estando os restantes 28,47 por cento dispersos no mercado.



Nota de Redacção: [2003-10-02 17:57:00] A notícia foi actualizada com declarações do presidente da ParaRede, Paulo Ramos.



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