As audiências de escrutínio da compra da Activision pela Microsoft continuam acesas e reunindo grandes empresas tecnológicas com o potencial de serem afetadas pela eventual posição dominante da dona da Xbox na conclusão do negócio. A Google e a NVidia expressaram recentemente as suas preocupações com o negócio, mas o principal opositor é mesmo a Sony, dona da PlayStation.

Num documento enviado pela Sony em outubro para a autoridade da concorrência e mercados do Reino Unido (CMA na sigla inglesa), no âmbito da investigação do negócio e que agora se tornou público, foram expostas algumas informações sobre os planos futuros da empresa, nomeadamente em torno da série Call of Duty, que é o principal motivo de desentendimento. E uma delas refere-se à próxima PlayStation.

Ainda é muito cedo para se pensar numa PlayStation 6, com a geração atual no mercado há pouco mais de dois anos. Mas é claro que as fabricantes pensam a médio/longo prazo e não será difícil analisar os ciclos de geração das consolas. No documento, embora o ano da nova consola esteja rasurado, tal como outras informações sensíveis de negócios, o seu contexto pode indicar que os planos da PS6 apontem para 2027.

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No início da página 8 do documento lê-se que a Microsoft “ofereceu a continuação de disponibilidade de manter os jogos da Activision disponíveis na PlayStation até 2027” no capítulo da duração do acordo proposto pela gigante de Redmond. No mesmo contexto, a Sony dá a entender que na mudança de geração da PlayStation iria perder o acesso a Call of Duty e outros títulos da Activision, “tornando-se extremamente vulnerável à mudança dos consumidores e a consequente degradação da sua capacidade de concorrência”. A Sony riscou o ano provável do lançamento da PlayStation 6, mas enquadra-se no contexto geral do ano 2027, quando termina o proposto acordo da Microsoft para mitigar as acusações de monopólio.

A Sony destaca ainda a importância de Call of Duty para o seu ecossistema, afirmando que “mesmo assumindo que a Sony Interactive Entertainment tenha a capacidade e os recursos para desenvolver uma série semelhante ao sucesso de Call of Duty, demoraria muitos, muitos anos e milhares de milhões de dólares a criar um rival”. E até deixou o exemplo de como o esforço da Electronic Arts com o seu Battlefield falhou em conseguir opor-se.