De forma a promover uma imagem de poder de decisão e de cultura de negócios comum, a Hewlett-Packard, desde ontem oficialmente fundida com a Compaq, apresentou a sua equipa executiva e estratégia de marketing numa conferência de imprensa realizada em Cupertino, no estado norte-americano da Califórnia, às 10.30 horas locais (18.30 de Lisboa), informou o New York Times.



Nesta conferência, que se realizou após um encontro difundido por vídeo-conferência a 100 mil dos 150 mil empregados da companhia, a directora executiva Carly Fiorina referiu-se apenas indirectamente e de passagem à batalha legal travada durante oito meses com Walter Hewlett, herdeiro de um dos dois fundadores da empresa, afirmando que esta luta nos tribunais demonstrou ser útil na construção de uma direcção mais unida.



Fiorina e o novo presidente da Hewlett-Packard, Michael Capellas, antigo director-executivo da Compaq acentuaram que a nova HP teve imenso tempo para planear o período de transição e integração, considerado por muitos opositores do negócio como um obstáculo difícil.



A companhia já designou três níveis de gestão e irá acrescentar um quarto nível a essa lista dentro de poucos dias, tendo também já organizado as contas de vendas dos seus 100 maiores clientes.



A direcção afirmou várias vezes que a Hewlett-Packard irá beneficiar directamente do aumento da sua dimensão, um factor que acreditam fará com que a companhia se torne na líder de mercado ou na segunda maior concorrente numa vasta gama de mercados de tecnologias de informação, abrangendo desde servidores a PDAs.



Outra das garantias deixadas na conferência de imprensa é de que a nova divisão de serviços da Hewlett-Packard se destina a competir e a cooperar com as principais empresas de consultoria para a indústria tecnológica, como a EDS e a Accenture.



Segundo o novo director da companhia, Robert Wayman, citado pelo New York Times, são esperadas poupanças no valor de 2,5 mil milhões de dólares (2,73 mil milhões de euros), como resultado de cortes em áreas sobrepostas, como administração e investigação e desenvolvimento.



Contudo, Wayman reconheceu que em muitas das actividades de negócio da companhia, o resultado imediato da fusão iria representar uma perda de receitas, sobretudo nos PCs domésticos, onde a empresa prevê uma redução de receitas no valor de 18 por cento.



Apesar de a direcção da companhia ter escolhido a marca Compaq ou Hewlett-Packard em algumas áreas, como o mercado de PDAs - onde está planeado o fim da linha HP Jornada -, também afirmou que pretendia manter algumas linhas concorrentes. No caso dos PCs domésticos, por exemplo, irão manter-se as linhas HP Pavilione e Compaq Presario.



De acordo com aquele jornal, Capellas justificou esta decisão afirmando que os retalhistas de produtos da companhia desejavam manter produtos diferenciados nas suas prateleiras. Mas alguns analistas acreditam que a nova Hewlett-Packard poderá ser particularmente vulnerável à concorrência na comercialização de PCs.



Por enquanto, a direcção da firma pretende também manter as séries de servidores Unix topo de gama de ambas as marcas, um sector onde a Compaq tem sido mais forte na computação científica, ao passo que a HP tem dominado os mercados comerciais.



A nova companhia será organizada em quatro grandes grupos de negócio: um de sistemas empresariais, destinado a grandes empresas, que será chefiado por Peter Blackmore, anterior executivo da Compaq; Hewlett-Packard Services, uma divisão de consultoria e suporte que será liderada por Ann Livermore, anteriormente encarregada do negócio de serviços da HP; um grupo de imagem e impressão, dirigido por Vyomesh Joshi, antigo director da divisão de impressão da HP; e um grupo de sistemas pessoais, da responsabilidade de Duane Zitzner, antigo director da área de computadores da HP.


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