A Radiomóvel vai dar início a um processo de reestruturação que levará ao despedimento de 30 por cento dos mais de 100 funcionários da empresa. Numa nota de esclarecimento, a empresa atribui a sua situação ao facto de ter sido "sistematicamente confrontada com diversos constrangimentos, que considera serem o resultado prático da ausência de uma concorrência efectiva e transparente no mercado das telecomunicações português".

O plano de reestruturação é um esforço para reposicionar a empresa no mercado e garantir a sua viabilidade económica, na sequência dos acontecimentos anteriores e do cenário de crise que a empresa admite terem entretanto agravado a sua situação. As negociações com os trabalhadores para o processo de despedimento colectivo começaram hoje.

A Radiomóvel está em Portugal desde 1993 e é desde 2001 detida pelo grupo Zapp Holdings do grupo Saudi Oger do Médio Oriente.

Neste período investiu 150 milhões de euros no desenvolvimento de uma rede móvel suportada em tecnologia CDMA, que tinha como objectivo substituir progressivamente a sua rede de trunking profissional e aumentar o âmbito de potenciais clientes passando a cobrir também outros segmentos de mercado, oferecendo voz e daos, fixos e móveis.

A empresa enfrentou vários obstáculos regulatórios à execução do plano traçado no que se refere à oferta de serviços para fora do seu grupo fechado de utilizadores. Mais recentemente a Radiomóvel integrou o consórcio que ganhou a quarta licença móvel do mercado, que acabou por ser revogada.

Em comunicado, o grupo que não prestará outras declarações sobre o assunto para além das que já expõs na declaração, garante "conduzir este processo de forma transparente, e de acordo com o enquadramento legislativo laboral português, assegurando que os interesses dos trabalhadores serão respeitados e conferindo aos mesmos condições compensatórias superiores às legalmente previstas".