A internacionalização dos negócios é um objectivo que as empresas portuguesas do sector de TICE - Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica - perseguem como forma de garantirem o crescimento orgânico. 60% das tecnológicas portuguesas já se encontram presentes em mercados internacionais, e até 2011, a estratégia passa duplicar o volume de negócios.

Os dados são do estudo sobre Internacionalização das Empresas encomendado pela ANETIE (Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Electrónica) e INOVARIA (Rede de Inovação em Aveiro) à MultiSector Norte, que analisou inquéritos, de micro, pequenas, médias e grandes empresas.

Das 78 empresas analisadas, as que já se encontram a actuar em mercados internacionais esperam aumentar o seu volume de negócios no estrangeiro, de 235 milhões de euros, em 2008, para os 446 milhões em 2011. A confirmarem-se estes valores, estaremos perante um crescimento do peso das exportações no volume total de negócios de 31 por cento, em 2008, para 38 por cento em 2011, modtra o estudo.

Esta vontade de quase duplicar o peso das exportações foi apontada como um dos resultados surpreendentes desta análise pelos responsáveis pelo estudo, principalmente no que concerne às pequenas empresas.

De notar que entre as micro-empresas (com menos de 10 trabalhadores) entrevistadas, 33 por cento encontravam-se presentes em mercados internacionais, já em 2007. As pequenas e médias empresas são as que mais apostam no estrangeiro, com 44 por cento das inquiridas a registar negócios com o estrangeiro em 2008. Entre as grandes empresas, 86 por cento divide a sua actividade entre Portugal e outros países.

As regiões consideradas pelas empresas como prioritárias são a Europa, os PALOP (Países de Língua Oficial Portuguesa) e a América Latina e do Sul. Este interesse poderá estar relacionado com a afinidade linguística com o nosso país, que também foi referida por Paulo Nordeste, da INOVARIA, como uma vantagem, principalmente ao nível da exportação de serviços, que se tornam mais fáceis de adaptar para esses territórios.

Entre os mercados externos mais atraentes encontram-se Angola, Espanha, Brasil, Moçambique e França. Os responsáveis pelo estudo apontaram como relevante o interesse nos mercados emergentes, com 38 empresas a quererem entrar no mercado brasileiro, e o ressurgir da Espanha como um dos mercados preferidos pelas empresas portuguesas, o que em grande parte se deverá à proximidade geográfica, fizeram notar.

Alemanha, Angola e Reino Unido eram, em 2008, os principais mercados externos no que respeita a volume de negócios, mas Angola, Espanha e Alemanha, ganhavam em número de empresas. Em Angola estavam presente 22 empresas portuguesas e em Espanha 17, mas a verificarem-se as intenções manifestadas nos inquéritos, este número deverá subir para 30 em 2011.

Outro dos dados observados que despertou o interesse dos promotores do estudo foi o "eclipsar da Alemanha enquanto mercado de internacionalização", notou Rui Melo, Presidente da Direcção da ANETIE. Este mercado tem sido importante para as empresas portuguesas na área das TICE e vê agora descer o interesse dos empresários. Das 6 empresas que em 2008 trabalhavam com o mercado alemão, apenas 4 pretendem manter a sua presença em 2011 e também não surgiram novos interessados.

A ANETIE e a INOVARIA consideram muito significativa a amostra deste estudo, atendendo a que estas 78 empresas representam um quarto do sector, e apenas foram inquiridas empresas nacionais, não tendo sido levadas em conta as multinacionais a actuar no nosso país. Por isso, os responsáveis acreditam que a representatividade da amostra é de "quase 50 por cento", com relação àquele que era o objectivo do estudo: perceber se as empresas portuguesas recorrem ou ponderam recorrer à internacionalização como forma de expansão.

Os dados do estudo foram recolhidos com base em inquéritos a 78 empresas - o equivalente a uma amostra de 23 e 26 por cento do Sector - e correspondem, em 2008, a um volume de negócios de 778 milhões de euros e 6.500 trabalhadores.

Durante a conferência de imprensa foi também apresentado o Programa de Internacionalização do Sector TICE para o segundo semestre de 2009, estruturado com recurso ao apoio do QREN, e que visa sensibilizar as empresas para a internacionalização, dando a conhecer economias emergentes e apoiando a participação nos mercados externos.

Foram dadas a conhecer as missões agendadas para os meses de Setembro, Outubro e Novembro, que passam pela participação em eventos no Brasil, Líbia, Tunísia e Angola. Quinze empresas confirmaram já a sua inscrição no Programa.