Durante a Web Summit, uma das palestras focou-se na mudança de paradigma no que diz respeito ao “mercado paralelo” das vendas em segunda-mão, tendo mudado de uma tendência da indústria, para um autêntico fenómeno tecnológico. Os números apontam que as marcas estão cada vez mais apostadas em oferecer artigos em segunda-mão, e contra aquilo que pensavam, estão a ganhar muito dinheiro.
A threadUP é uma startup que na última década tem procurado mudar essas mentalidades, não só no público, como sobretudo nas empresas. E o CEO da empresa, Anthony Marino, afirma que os consumidores estão a dar poder ao mercado de revenda. Refere ainda que se muitas vezes olhamos para novas marcas e empresas independentes que angariam e revendem produtos; são as próprias fabricantes que começam a criar as suas próprias cadeias de revenda dos seus produtos e a tirar lucros.
E para provar o seu ponto, perguntou à plateia quem tem em casa, no seu roupeiro, roupas que já não utiliza, seja porque já não serve, não gosta, etc.? A resposta foi unânime, com todos os presentes a levantar o braço. Reforçou dizendo que só nos Estados unidos, existe um desperdício de cerca de 9 mil milhões de peças que já não são usadas, pelas diversas razões. A empresa viu essa oportunidade, tendo abraçado a missão de inspirar uma nova geração de consumidores a colocarem a segunda-mão em primeiro lugar nas suas prioridades de consumo. “Desejamos que as pessoas se desfaçam das coisas que já não utilizam, pensando que alguém as gostaria de utilizar”. O mercado de itens em segunda-mão está avaliado em 57 mil milhões de dólares em 2021 e já se projeta que em 2025 possa valer 116 mil milhões.
O responsável pela aplicação threadUp refere ainda que existem diversos motivos para as pessoas procurarem produtos em segunda-mão atualmente na sua plataforma. Em primeiro o valor, referindo que um em cada dois consumidores procuram obter maior valor nas suas compras, do que antes da pandemia. Um em cada três tem uma preocupação acrescida com a sustentabilidade, ou seja, não toleram o desperdício, ao mesmo tempo que procuram produtos mais sustentáveis. 43% dos consumidores têm a procuração da qualidade dos produtos, sobretudo no que diz respeito a roupas, mantendo o exemplo inicial. A procura de novidades, a cada nova visita, também guia os utilizadores, assim como os produtos divertidos e diferenciadores.
Traçando o perfil dos clientes que procuram bens em segunda-mão, a resposta não poderia ser mais simples: todos. As pessoas que utilizam a plataforma pertencem a todas as faixas etárias, estatutos sociais, desde os milionários às pessoas com maiores dificuldades económicas, dos bancários aos funcionários públicos. No entanto, destaca que existe uma tendência, é a geração mais jovem que está a comprar mais, na casa dos 42%.
Antes as empresas acreditavam que os produtos usados poderiam canibalizar a oferta dos novos. Mas agora ambos estão a conviver e a gerar lucros para as empresas. 62% das marcas dizem que os seus clientes já estão a participar nas compras de produtos usados. E uma em cada três empresas diz que as revendas está a tornar-se um canal muito importante para os retalhistas. E 42% diz mesmo que nos próximos cinco anos, as vendas de usados vai tornar-se parte do seu negócio.
A empresa acredita que as empresas que vendem em segunda-mão atraem mais clientes para as suas lojas. Nas suas estatísticas, diz que 42% dos consumidores tendem a comprar produtos de uma marca que permite a retoma de roupas em troca de créditos para novas. 34% dos consumidores dizem preferem marcas que colocam lado a lado, os produtos novos e usados. E 32% dos clientes classificam uma marca com mais qualidade se esta vender ambos novos e usados.
Apesar destes números estarem sobretudo ligados à indústria da roupa, o líder da threadUp salienta que o fenómeno é global e em todas as indústrias.
4 dias de agenda cheia
Já estamos no dia três do Web Summit, e de uma agenda cheia. No SAPO TEK, já tínhamos dado a conhecer 10 oradores que vale a pena ouvir no Web Summit 2021 e para ajudar a compor a sua agenda para o evento, destacamos ainda algumas das talks que deve apontar no calendário, e que poderá também consultar ao detalhe no website do Web Summit, ou na própria aplicação do evento.
Clique nas imagens para conhecer algumas talks que vale a pena acompanhar no Web Summit 2021
Dia 4 de novembro
- How a plant-based diet can fight climate change
- Palco Central – 15h20
A sustentabilidade e a luta contra as alterações climáticas também fazem parte das temáticas em debate no Web Summit 2021. Patrick Brown, CEO da Impossible Foods, sobe ao palco central para uma sessão acerca da forma como a redução do consumo de produtos animais e a escolha de uma alimentação à base de plantas pode ser uma das formas mais poderosas de pôr um travão nas alterações climáticas.
- Catalysing the next era of the web: A call to action
- Palco Central – 16h10
O “pai” da World Wide Web está de regresso ao Web Summit para uma sessão centrada no uso desregrado de dados. Acompanhado por John Bruce, CEO e cofundador da Inrupt, Tim Berners-Lee, também cofundador e CTO da empresa, deixará um apelo aos governantes um pouco por todo o mundo, focando-se na forma como será possível catalisar a próxima era da web.
Deixe também na caixa de comentários outras sugestões e acompanhe o trabalho do SAPO TEK no Web Summit através do dossier dedicado à conferência.
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