A banalização do acesso à banda larga nas escolas, conseguido através do programa e-escola, gerou um impacto negativo, reflectido nas notas dos exames nacionais de português e matemática do 9º e 12º ano.



As conclusões são de um estudo apresentado na semana passada no ISEG e que em breve será publicado na revista Review of Economics and Statistics, como relata o Jornal de Negócios na edição desta manhã.



O documento é a primeira análise realizada ao impacto da medida que facilitou a alunos e docentes a compra de portáteis com ligação à Internet, em condições especiais. Mostra que, em termos médios, as notas escolares baixaram entre 7,7 por cento no período entre 2005 e 2008 e 6,3 por cento, no período entre 2005 e 2009 "devido ao uso da banda larga".



"O nosso argumento central para um declínio no desempenho dos estudantes é o de que a banda larga cria distracções", defendem os autores, que não vêem na introdução de novidades tecnológicas nas escolas o único ingrediente necessário para gerar mudanças positivas.



"Os nossos resultados sugerem que a introdução desta tecnologia no ambiente escolar tem de ser complementada com políticas que a integrem no sistema de educação, de forma a promover o uso produtivo da Internet".



"Isto pode ser especialmente verdade para os estudantes no início do secundário, que, sem monitorização adequada, poderão envolver-se em actividades que os distraiam", continuam.



No documento também se conclui que os rapazes foram os mais prejudicados com a medida, por serem os mais susceptíveis a distracções.



Vale ainda a pena sublinhar, que os autores do estudo admitem que o efeito identificado possa tender a dissipar-se no tempo, como sugere a ligeira diminuição do impacto negativo da medida verificado nos valores obtidos para o período 2005/2009, face aos valores obtidos para o período 2005/2008.



As conclusões do "Impact of Broadband in Schools: Evidence from Portugal" foram apuradas por Rodrigo Belo, Pedro Ferreira e Rahul Telang da Universidade Técnica, Universidade Católica e da Carnegie Mellon University.



Recorde-se que o e-escola foi introduzido para facilitar o acesso às Tecnologias da Informação nas escolas. Tirou partido das verbas disponibilizadas pelos operadores no âmbito dos compromissos para o desenvolvimento da Sociedade da Informação, assumidos com a atribuição das licenças para operar a terceira geração móvel. Estas verbas permitiram subsidiar fortemente o preço dos computadores.