Embora tenham passado a usar mais o telemóvel quando estão no estrangeiro, os europeus continuam a recear os custos das telecomunicações efectuadas em roaming e a limitar a utilização que fazem dos serviços, revela um estudo divulgado ontem pela Comissão Europeia.

Cerca de um terço dos europeus mostraram-se preocupados com os custos de utilização dos serviços móveis fora do seu país. Mesmo que a maioria (61%) saiba que os preços baixaram nos últimos quatro anos, 72 por cento admitem que limitam as suas chamadas em roaming por considerarem elevado o custo das chamadas.

Os portugueses encontram-se entre o grupo daqueles para quem "o mais provável é desligar o telefone em viagem ou deixá-lo em casa". Quando assim não é, recorrem principalmente às chamadas de voz.

Os preços do roaming de dados - que permite navegar na Internet ou consultar o email a partir do telemóvel - são os que menos convencem os europeus. Apenas 19 por cento dos que recorrem a este tipo de serviços quando estão no estrangeiro consideram "justo" o preço cobrado pelas mesmas.

"Os consumidores acham que há ainda muito a melhorar, em particular no que respeita ao roaming de dados", afirmou a Vice-Presidente da Comissão Europeia e responsável pela Agenda Digtial, Neelie Kroes, citada no comunicado oficial, em que realça a necessidade de as empresas de telecomunicações "ouvirem os clientes" nesta matéria.

Cerca de um em cada cinco utilizadores reduziu a utilização destes serviços no estrangeiro durante os últimos quatro anos, por se terem apercebido dos custos associados, revelaram as entrevistas, efectuadas junto de 26.500 europeus. Ainda assim, 15 por cento dos espanhóis afirma que este é o serviço que mais usam no estrangeiro, por exemplo.

De acordo com o estudo, o número de pessoas que utilizam o telemóvel quando viajam na UE é hoje maior que há quatro anos, quando foram introduzidas as primeiras medidas nesta matéria. Os utilizadores afirmam ter feito mais 32 por cento de chamadas, recebido mais 31 por cento e enviado mais 43 por cento de SMS desde 2006.

A análise revela ainda que é agora também "muito mais provável que os jovens façam comunicações em roaming" do que há quatro anos: 43 por cento mais provável para as chamadas de voz e 51 por cento para as SMS.

Os jovens são também o grupo com maior propensão para a utilização de serviços de dados fora do seu país de residência: 15 por cento dos entrevistados com idades entre os 15 e os 24 preferem navegar na Internet a partir do telemóvel quando estão no estrangeiro, uma percentagem que desce para os 6 por cento entre aqueles que têm mais de 55 anos.

As conclusões do estudo e da consulta pública que terminou a 11 de Fevereiro vão agora servir de base para a revisão das actuais regras europeias em matéria de roaming, que a Comissão vai efectuar até Junho deste ano.