Com uma forte aposta na área da certificação digital a Multicert tem ao longo dos últimos anos participado em vários projectos nesta área, mas também diversificando o negócio para novas áreas.



José Pina Miranda, director-geral, faz um balanço da evolução do mercado português de certificação digital que, na sua opinião, tem evoluído favoravelmente, até beneficiando do impacto de projectos como o Cartão de Cidadão, embora continue muito pequeno.



O responsável também partilha detalhes sobre alguns dos projectos em que a empresa se tem envolvido, nomeadamente a nível europeu mas também a nível nacional.

[caption]Pina Miranda Multicert[/caption]

TeK: Como tem evoluído a certificação digital no mercado português e a adopção deste tipo de mecanismos pelas empresas?

José Pina Miranda:
A certificação digital está a evoluir positivamente, embora o mercado ainda seja muito pequeno. Nos últimos anos a Multicert, enquanto única Entidade de Certificação Portuguesa credenciada de acordo com a legislação nacional e europeia, tem assistido à adopção gradual dos certificados digitais (em especial dos certificados qualificados e certificados avançados) pelas empresas, quer para desmaterialização de processos internos como para responder a necessidades de parceiros, mercado ou legislador.



TeK: O mecanismo de assinatura digital introduzido com o Cartão de Cidadão já está a ter impacto no mercado, ou continua a ser uma opção pouco usada?

José Pina Miranda:
Está a ter um profundo impacto no mercado, por dois motivos.
Primeiro, porque a simples introdução do mecanismo de assinatura digital no Cartão de Cidadão (CC), deu uma maior visibilidade a uma tecnologia pouco conhecida da grande maioria dos cidadãos e empresas, "alertando-as" para a possibilidade de desmaterialização segura de processos e documentos (visto que o mecanismo de assinatura digital identifica inequivocamente a autoria do documento, comprova o assentimento do(s) signatário(s) às declarações de vontade constantes do documento e, comprova que o documento não foi alterado após a aposição da assinatura).

Segundo, porque várias entidades da Administração Publica desmaterializaram (e muitas das vezes simplificaram) os processos existentes, permitindo que fossem efectuados e finalizados via Web, desde que os cidadãos ou empresas se autenticassem com certificado digital qualificado, o que levou à sua adopção por cidadãos e (em especial por) empresas.



TeK: Que apostas centram a actividade da Multicert este ano. Há novos projectos na calha?

José Pina Miranda:
Na Multicert há sempre novos projectos na calha, embora nem todos possam ser revelados antes de estarem mais perto do seu fim. Entre os últimos em que participámos e cujos benefícios irão começar a fazer-se sentir este ano, destaco o STORK (Secure Identity Across Borders Linked) e e-Mandates.
O STORK é um projecto formado por 29 parceiros oriundos de 15 países europeus, compostos por organismos governamentais, privados, académicos e de I&D que visa a obtenção do reconhecimento pan-europeu em relação a documentos de identidade electrónica. Os resultados deste projecto permitirão desmaterializar serviços existentes (ou disponibilizar novos serviços online) e oferecê-los a clientes de todos os países europeus, garantindo todos os aspectos de segurança baseado nos documentos de identidade electrónica (por exemplo, o Cartão de Cidadão, para clientes portugueses).

O projecto e-Mandates foi promovido pelo European Payments Council (EPC) e teve como objectivo a definição de um modelo de operação e implementação para um serviço de autorizações de débitos directos a funcionar no ambiente Single Euro Payments Area (SEPA). A Multicert, contratada para assessoria especializada pela SIBS, teve a seu cargo a especificação do modelo de funcionamento e os requisitos de implementação a adoptar pelos Bancos europeus aderentes, credores, fornecedores de serviços de encaminhamento, fornecedores de serviços bancários de directoria e Entidades de Certificação. Adicionalmente, a Multicert implementou (em parceria com a SIBS) o primeiro software de e-Mandates, estando neste momento a iniciar a sua comercialização internacional.

Cristina A. Ferreira