Giorgio Sardo é um dos especialistas da Microsoft para a plataforma Web, HTML5 e Internet Explorer 9. O responsável passou por Portugal a propósito do Sapo Codebits e falou com TeK sobre a nova versão do browser, que promete tirar especial partido das potencialidades da nova linguagem de markup.

Embora ainda sem data de lançamento para a versão final do software, o responsável classifica o IE9 como um caso de sucesso, referindo os 10 milhões de downloads já efectuados da versão beta.

Para além da forte aposta no HTML5, o novo navegador da Microsoft contará com novidades ao nível do interface do utilizador, desempenho e funcionalidades, com destaque para características como a aceleração da navegação Web com recurso à capacidade de processamento do próprio computador - a empresa reclama que o IE9 usa cem por cem do poder de processamento dos computadores enquanto a maior parte dos browsers apenas usa cerca de 10 por cento.

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TeK: Em que medida é que o Internet Explorer 9 tira partido do HTML5?

Giorgio Sardo: O IE9 implementa muitas das funcionalidades do HTML5, que oferecem maior estabilidade e interoperabilidade. Um dos principais esforços da Microsoft é no sentido de assegurar a interoperabilidade. Essa é a chave. Se uma coisa funciona apenas em alguns browsers, não há interoperabilidade. Nós, programadores, sofremos com isso.
Estamos também a trabalhar numa série de características importantes para os utilizadores, como a performance. Sabemos que os utilizadores querem ser capazes de aceder a um site de uma forma muito rápida, querem sites muito rápidos. O que fizemos no IE9 é usar a capacidade de processamento do próprio computador (hardware acceleration) para acelerar a navegação. É o primeiro browser HTML5 totalmente acelerado pelo poder de processamento do hardware.


TeK: Quais os principais melhorias trazidas pelo Internet Explorer 9?

Giorgio Sardo: Falamos muito do HTML5, mas com o IE9 também redesenhamos completamente o interface do utilizador, potenciando a experiência de utilização. Livrámo-nos de muitos dos elementos no interface do utilizador, o que o tornou muito mais leve e rápido.

Passa a ser possível ter múltiplos separadores, "puxá-los" do ecrã de fundo e extrai-los do interface do utilizador. Quando é aberto um novo separador é sugerido o website mais visitado e também fornecido um histórico das páginas anteriormente visitadas, o que torna mais fácil voltar às usadas numa sessão anterior.

Outra das funcionalidades únicas no IE9 é a possibilidade de arrastar um separador para a barra de ferramentas do Windows, "transformando" o site numa aplicação. Tal como uma aplicação do Windows, passa a estar sempre ali, como o Outlook ou o Messenger. Torna-se um ícone no desktop ou na barra de tarefas. Sempre que o utilizador carregar ali é apresentado o site, sem ter de abrir o browser e inserir o endereço. A funcionalidade tem recebido um feedback muito positivo, tendo sido já implementada por cerca de mil sites desde que a apresentámos. No meu desktop tenho, por exemplo, os ícones para o Facebook e o Twitter - que visito várias vezes por dia - a partir dos quais posso aceder directamente aos sites ou receber as suas notificações.

Novidade é também o gestor de downloads. Antigamente, quando queríamos descarregar ficheiros era necessária uma janela para cada download, agora existe um gestor que permite ir acompanhando todas as transferências. Permite verificar a evolução dos downloads, cancelá-los e retomá-los mais tarde e inclui também ferramentas de segurança - que analisam a fiabilidade do ficheiro e avisam o utilizador em caso de suspeita.

TeK: A Microsoft vai reforçar a segurança no IE9?

Giorgio Sardo:
O IE8 já provou ser o browser mais seguro em testes feitos por empresas de segurança. Provou ser capaz de prevenir 98 por cento dos ataques, enquanto os outros se ficaram entre os 20 e 50 por cento. Acho, por isso, que estamos, de facto, à frente dos outros browsers, nessa matéria. Esta versão foi construída com base nos conhecimentos já adquiridos e é ainda mais segura, pelo que agora estamos mesmo satisfeitos com as suas características.
Temos, por exemplo, uma opção que se chama "smart screen filter", que filtra as páginas que se visitam para evitar ataques informáticos. Com o IE8 fomos capazes de bloquear mil milhões de ataques, o que é muito superior a outros browsers.

TeK: Na sua opinião, os browsers podem contribuir para tornar a Web mais segura ou são um elemento de menor importância?

Giorgio Sardo:
No passado acreditava-se que era o Sistema Operativo que devia tratar disso, ou um software específico, mas o que se percebeu é que os utilizadores passam muito tempo a usar os browsers e a navegar na Web e às vezes nem têm software que proteja os computadores. Para além disso, os hackers e empresas que produzem vírus são muito espertos e há coisas de que as empresas de segurança não podem proteger os utilizadores e onde nós, enquanto browser, temos a responsabilidade de implementar mecanismos de segurança.