Por Luisa Lopes Gueifão (*)


Começando por olhar retrospetivamente, 2015 foi, para além de um ano de consolidação, um ano marcado pelo crescimento do .pt e pelo lançamento de novos serviços e iniciativas que acabam por refletir a dinâmica que sempre quisemos impor à nossa atividade enquanto registry nacional do .pt.

Difícil é destacar o que de mais importante foi feito, desde logo, porque os projetos mais emblemáticos irão prolongar-se para 2016. De qualquer forma, não podemos deixar de destacar o desafio que lançámos à comunidade nacional no Concurso de fotografia com o tema “Revela o teu .PT” em que convidámos os portugueses a retratar Portugal e os seus valores de identidade, tendo sido os trabalhos selecionados depois utilizados para o desenvolvimento da nossa campanha institucional.

O crescimento do 3em1, com uma taxa de renovação que atinge já os 50%, merece-nos também especial nota. A nível técnico procedemos à migração, para um sistema autónomo e integralmente gerido pelo DNS.PT, dos nossos sistemas aplicacionais. Realça-se os valores de disponibilidade perto dos 100% dos nossos principais serviços para o exterior, em especial, o serviço de registo do .pt. Procurámos mais e melhor ao nível da segurança, assim lançámos o Registry Lock Service .PT, serviço premium que fornece uma proteção adicional de segurança evitando alterações, transferências ou remoções não autorizadas.

Diga-se que, ao longo do ano, figurámos sempre nas estatísticas do CENTR como um dos ccTLDs europeus que mais cresceu. A taxa de crescimento que anunciamos em 2015, 8%, revela inclusivamente uma tendência adversa àquilo que tem sido o cenário a nível mundial marcado pelo decréscimo no registo de domínios. Por fim, em 2015, concretizámos um sonho que vinha de longe, a criação da LusNIC, uma associação que agrega os congéneres da Associação DNS.PT nos países falantes de língua portuguesa.

A língua portuguesa tem aproximadamente 280 milhões de falantes, o português é a 5ª língua mais falada no mundo e a mais falada no hemisfério sul. Dados recentes revelam que na Internet o português já é a quinta língua mais utilizada; nas redes sociais – Facebook e Twitter – é a terceira. O DNS.PT tem Protocolos formais de Cooperação e opera ou dá apoio à operação técnica dos domínios de topo de .AO (Angola), .CV (Cabo Verde) e .GW (Guiné Bissau. O circunstancialismo ora descrito, levou à sedimentação da ideia de criar uma Associação dos registries de língua Portuguesa, cuja missão central estará focalizada nos seguintes princípios gerais:

•             Cooperar e partilhar conhecimento nas áreas de intervenção dos ccTLDs em matérias técnicas e segurança, legais, promoção e divulgação e desenvolvimento de políticas comuns;

•             Envidar ações conjuntas para potenciar o crescimento sustentado dos domínios de topo de língua portuguesa: .pt ; .br ; .ao; .cv; .gw;  .st; .tl;

•             Promover e colaborar na defesa dos interesses do ccTLDs de língua portuguesa;

•             Promover a utilização da língua e dos conteúdos portugueses na Internet.

 

Um encontro de vontades e necessidades comuns levou os responsáveis pela gestão destes registries, a saber: Centro UNINET da Universidade Agostinho Neto (Angola); Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br; (Brasil); Autoridade Reguladora Nacional das Tecnologias de Informação e Comunicação (ARN-TIC), (Guiné-Bissau); Associação DNS.PT; (Portugal); AGER - Autoridade Geral de Regulação, (São Tomé e Príncipe) e Ministério dos Transportes e Comunicações (Timor Leste), a chegar ao acordo de constituição formal da LusNIC, como associação de direito privado com objeto de cooperação institucional multilateral entre os registries de língua portuguesa no âmbito das suas áreas de intervenção.

2016 encerra o importante ciclo de 3 anos de existência da associação DNS.PT, razão pela qual vale a pena relembrar o enquadramento organizacional preconizado como fator de sucesso para a missão que se pretendia promover: "Contribuir para o desenvolvimento da Internet em Portugal, assente na prestação de um serviço de qualidade, prosseguindo uma política de inovação e atualização tecnológica e garantindo a correta gestão técnica e administrativa do espaço de nomes sob o TLD.pt, orientada para as necessidades e expetativas dos utilizadores".

Para alcançar esta ambiciosa missão importava salvaguardar a independência do modelo, a participação de todos os atores (modelo multistakeholder) e a autossustentação. Só esta estrutura de gestão eficiente e flexível do domínio de topo de Portugal garantia o desenvolvimento harmonioso, livre, aberto, sem discriminação mas seguro da Internet a nível nacional, com a participação dos diversos atores interessados, nomeadamente instituições nacionais, instituições supranacionais, organizações não-governamentais, pequenos e grandes operadores privados e o "público da Internet", composto pelos utilizadores e consumidores.

Quase a concluir este primeiro ciclo, a convicção inicial foi superada e constantemente reforçada pela excelência que a participação de todos os associados (ACEPI, DECO, FCT e IANA) e todos os parceiros (Registrars, membros do Conselho Consultivo, instituições internacionais, fornecedores e outras organizações) com o empenho de todos os colaboradores do DNS.PT, fizeram que aquilo que nos parecia ambicioso fosse apenas um ponto de partida para projetos e crescimento acima do que inicialmente prevíamos.

O .PT  tornou-se, pela ação de todos, mais do que o Domínio de Portugal, é hoje sinónimo de confiança, orgulho, paixão, independência e uma referência nacional e internacional na gestão da Internet.

Com este património soubemos crescer e partir para novos desafios que o ano 2016 vai consagrar. De salientar:

  • o “Selo de Confiança on-Line” a implementar este ano e que sob a égide do .PT junta consumidores (DECO) e Comércio e Serviços (ACEPI);
  • o Portal “ofertaslegais.pt”, cujo objeto central passa pela promoção da cultura, da criatividade e a defesa dos Direitos de Propriedade Intelectual, surgindo o DNS.PT com a função de disponibilização do alojamento e do domínio de suporte ao portal – www.ofertaslegais.pt -, onde será disponibilizada uma lista dinâmica de sítios com ofertas legais nas áreas da música, videojogos, livros, audiovisual e eventos desportivos;
  • o reforço e dinamização do projeto “3em1.pt”, no qual é atribuído juntamente com os nossos Registrars,  a quem crie uma empresa, associação ou sucursal na hora, ENH, um pacote de serviços gratuitos, pelo período de um ano, que inclui um domínio registado sob .pt, uma ferramenta para desenvolvimento de um site e respetivo alojamento técnico e caixas de correio eletrónico;
  • a 3º edição concurso sitestar.pt lançado em parceria com a DECO, tendo-se associado também INPI/GDA/SPA e a IGAC, e que desafia pelo terceiro ano consecutivo os estudantes dos 14 aos 18 anos a desenvolver websites originais com conteúdos em português e sob o domínio .PT;
  • as várias parcerias que queremos manter com os Registrars, como parceiros premium, nomeadamente: Organização de sessões de formação de cariz técnico ou administrativo sobre matérias relativas ao processo de registo de domínios .pt; Criação de um programa de fellowship, financiado pelo DNS.PT, por forma a garantir a presença de registrars em fóruns internacionais; Programa de co-branding para duas campanhas a decorrer nos dois semestres do ano; Implementação da nuvem Anycast de .PT.

 

2016 será, também, o ano de início de atividade da LusNIC – Associação de Registries de Língua Portuguesa , devendo o DNS.PT assumir um papel de liderança e impulso nas diversas ações visíveis e efetivas que contribuam para promover e colaborar na defesa dos interesses do ccTLDs de língua portuguesa.

Manteremos e reforçaremos a colaboração institucional, técnica, administrativa e jurídica com os países de expressão portuguesa que ao longo destes anos temos vindo a apoiar: .GW, .AO, .CV e .ST (neste último caso com o desafiante processo de redelegação junto da IANA).

A aposta na inovação e desenvolvimento da Internet em Portugal e a crença nos novos talentos leva-nos a um investimento reforçado num Programa de Apoio a Mestrados, iniciado em 2015, na área da engenharia informática que acreditamos ser um meio de desenvolvimento das Universidades (IST e Nova), dos alunos e do DNS.PT e de crescimento da qualificação nesta área tão necessária ao nosso país.

Por último mas base de todas as nossas ações, centrados na fiabilidade e resiliência técnicas dos serviços de que somos responsáveis, 2016 será o ano de afirmação da autonomia da nova infraestrutura técnica implementada em 2015 e de um novo paradigma de atuação com a implementação e certificação do referencial ISO 27001:2013 – Segurança da Informação.

Manteremos e reforçaremos também o foco na segurança do protocolo DNSSEC, promovendo o acompanhamento das práticas internacionais para a sua disseminação na Internet portuguesa, com a concretização de um piloto de Rollover das chaves DNSSEC (KSK) e com a Implementação do protocolo DANE no DNS.PT.

Sabemos que a atividade dos ccTLDs tem vindo, em termos gerais, a conhecer um abrandamento do crescimento de registos, estamos, no entanto, a contrariar esta tendência ao longo dos últimos 3 anos. Cientes de continuar a apostar na divulgação do .PT e da imagem de confiança junto das empresas, reconhecemos um potencial de crescimento que nos faz acreditar em valores acima dos 5% de aumento de novos registos em 2016.

Podemos dizer que 2016 significará diversificação de atividade e crescimento, o que só nos pode fazer agradecer a todos os que têm acreditado na nossa missão e nos têm desafiado a ser cada vez melhores e diferentes, em especial, a todas as pessoas que formam a equipa do DNS.PT que sem hesitação e com esforço e dedicação têm colocado o seu melhor em prol do .PT e da sua afirmação enquanto uma referência no mundo digital.

 

(*) presidente da associação DNS.pt