A consolidação da aposta da NDrive em desenvolvimento e inovação faz-se sentir no novo NDrive Touch, o equipamento que a empresa ontem apresentou à imprensa e que é o mais leve e fino do mercado, contendo outras características inovadoras fruto de I&D desenvolvida a nível nacional.

À margem da conferência o TeK falou com João Neto, presidente da NDrive Navigation Systems, sobre o alargamento da presença a nível internacional e o desejo de transformação numa empresa puramente de engenharia.

[caption]João Neto, presidente da NDrive Navigation Systems[/caption]

TeK - Como está a correr a internacionalização da NDrive? Em que países já está presente?
João Neto -
O nosso objectivo é expandirmo-nos globalmente. Começámos no Brasil, no ano passado, e estamos a manter esse caminho, não só na área dos equipamentos, de GPS, mas também na telefonia. Estamos a expandir-nos de acordo com o plano em toda a Europa Ocidental e mais recentemente na Europa de Leste. Planeamos para breve a entrada na Rússia e na América do Norte, o que deverá acontecer no início de 2009.

TeK - Qual é o peso do negócio dos mercados internacionais nos resultados da NDrive? Tanto quanto sei o mercado português ainda vale 40 a 45%.
J. N. -
Esta é uma conta difícil de fazer, com previsões até final do ano, por várias razões, até porque este trimestre é o maior de todos. Tendencialmente vamos facturar bastante mais lá fora do que cá, mas também é difícil por uma outra razão: os nossos negócios no licenciamento - de software que já fazemos há algum tempo, e da plataforma de hardware que vamos começar a fazer em breve - e que têm mais impacto lá fora do que cá - e o volume de negócios dessas operações é inferior ao da venda de equipamento, embora seja mais interessante do ponto de vista de margem e do ponto de vista estratégico. Por isso dar-lhe uma previsão do volume de negócios que vamos ter no estrangeiro face ao que vamos ter em Portugal é extremamente difícil. É seguramente mais de metade, mas não é possível hoje fazer uma previsão mais concreta.

TeK - Que vantagens tem para a NDrive este novo modelo de licenciamento de hardware que a empresa quer adoptar e como funciona na prática?

J. N. -
Esta é uma extensão natural do licenciamento do software. Nós já o fazíamos em marcas como a HTC, a Samsung, a Nokia e outros fabricantes de telemóveis. Agora desenvolvemos uma plataforma de hardware que suscitou o interesse de grandes clientes a nível mundial e fomos confrontados com uma situação que é a seguinte: para crescer numa área onde temos uma componente expressiva de hardware é necessária uma fortíssima componente de fundo de maneio. Seria impossível fazer crescimentos superiores a três vezes ao ano, o que poderá limitar seriamente o nosso posicionamento, porque a indústria move-se muito rapidamente e é necessário ocupar posições o quanto antes. A solução alternativa é usar o músculo dos nossos clientes para fazerem eles as suas operações - que já o fazem, as grandes cadeias de retalho já fazem as compras directamente nas fábricas à China…

O que queremos fazer, e estamos em negociações bastante avançadas para o efeito, é licenciar a tecnologia. Ou seja, permitir que seja usado o nosso aparelho, a nossa marca, exactamente igual ao que apresentámos aqui, mas que ele seja fabricado directamente para o cliente final. O que temos é a renda do licenciamento em si, que é margem pura, e a venda de software que em todo o caso faríamos. Portanto aproveitamos a componente principal deste negócio sem temos o risco de stock e todos os custos e logística associada ao processo.

TeK - Esse interesse internacional do licenciamento de hardware surgiu só com este modelo do NDrive Touch?

J. N. -
Exactamente. Caso contrário o que acontece é que comprariam o que vêem na China e em último caso comprariam o nosso software. Com o NDrive Touch viram um produto radicalmente diferente de tudo o resto que existia disponível e isso num mercado que necessita de inovação, caso contrário entra-se numa guerra de preços. Para uma grande cadeia de retalho ter um produto distinto tem muito valor.
Este interesse posiciona-nos como a empresa que desenvolveu a tecnologia e que pode obter um fee por esse trabalho que concretizou.

Desejavelmente a NDrive seria uma empresa puramente de engenharia e venderia software e licenciamento de hardware. Isso seria o ideal. É verdade também que sem o componente de desenvolvimento de hardware nunca teríamos chegado onde chegámos, nunca teríamos apreendido o que aprendemos, nunca estaríamos no mercado, nunca teríamos feito os negócios com a HTC, que apareceram porque viram os nossos produtos nas prateleiras…

Este ano o software tornou-se mais importante e eu gostava de deixar o hardware. Gostava de ter um plano para isso e um dia poderei fazê-lo. Assim podemos crescer infinitamente, só depende da nossa qualidade e da nossa capacidade de inovar e não de um fundo de maneio e de uma logística pesada...

TeK - Questões que se tornam mais graves também com o risco de cópia...
J.N. -
Haverá sempre esse risco de cópia. Se tivermos um stock de um milhão de unidades estaremos muito mais vulneráveis do que se não tivermos… O ideal seria sermos uma empresa puramente de engenharia...

TeK - Mas não desistiriam de desenvolver inovação e protótipos de hardware...
J.N. -
O R&D seria totalmente nosso, ou seja faríamos hardware mas faríamos uma quantidade limitada de unidades para testar. Não teríamos depois de operar a área logística.
Muitos potenciais investidores têm-nos referido isso. Acham que a empresa tem um potencial muito interessante mas que a parte de hardware é um risco e isso é um facto, já o tínhamos constatado e estamos a trabalhar para resolver este problema da nossa operação.

Fátima Caçador