O TeK publicou um artigo onde mostra quatro dos oito projetos que nos últimos dois anos foram escolhidos para integrar o programa de aceleração inRes, resultado da colaboração entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia, universidades portuguesas e a universidade norte-americana de Carnegie Mellon.

Esta mini-entrevista a João Claro, diretor do CMU-Portugal, complementa o trabalho, com informação mais detalhada sobre a iniciativa que permite às empresas portuguesas prepararem-se para os desafios do mercado internacional, num dos ecossistemas de startups mais competitivos do mundo.  

TeK: Em termos de adesão ao programa que evolução sentiram entre 2014 e 2015?

João Claro: A evolução tem sido progressiva e muito positiva. O inRes é uma iniciativa de aceleração de negócios na área das TIC que se destina a equipas empreendedoras portuguesas. O seu foco são projetos que estão numa fase de projeto muito específica ainda há procura da validação do seu negócio. Além do período de formação em Portugal, que inclui a realização de 4 workshops, as equipas têm a oportunidade de passar seis a sete semanas nos Estados Unidos, especificamente em Pittsburgh, cidade onde está localizada a Carnegie Mellon University (CMU). Este ano a grande novidade foi a inclusão na agenda de uma semana em Silicon Valley, onde a CMU também tem um campus. O feedback que tem sido dado pelas equipas que participaram tem sido crucial na capitalização do manancial de oportunidades que o inRes proporciona. O inRes é hoje uma das iniciativas-chave do Programa CMU Portugal, financiado pela FCT, que tem impacto tangível e intangível em projetos e em pessoas, o que nos deixa muito satisfeitos. 

TeK: Estes dois anos de experiência fizeram-vos mudar alguma coisa na organização do programa para o melhorar?

João Claro: Desde que criámos o inRes, no âmbito do Programa CMU Portugal, que temos a preocupação de melhorar e aperfeiçoar de forma contínua e focada. O inRes, sendo um programa de aceleração de negócios, foi desenhado em conjunto com especialistas internacionais de topo e a pensar no desenvolvimento dos participantes, quer em termos de evolução do negócio, quer em termos da formação profissional dos empreendedores.

Acreditamos que este é um formato único e inovador em Portugal, através do qual estamos a contribuir de forma real para o sucesso de novos produtos e serviços num mercado internacional, aumentando a sua viabilidade, sustentabilidade e competitividade do ponto de vista económico.

Na edição deste ano, e na esteira dos resultados muito positivos que registámos na edição de 2014, conseguimos trazer para o inRes duas vantagens competitivas, que acrescentaram valor ao programa. Por um lado a parceria com a Caixa Capital, como parceiro que poderá atribuir um investimento de 50 mil euros a uma das equipas; e a inclusão de uma semana em Silicon Valley, que complementou o período de imersão das equipas nos Estados Unidos, depois de seis semanas em Pittsburgh. Aliás, na sessão de encerramento da edição de 2015 do inRes, na qual participaram as equipas de 2014 e de 2015, a Caixa Capital anunciou a atribuição do investimento à Scraim.

TeK: Se tivesse que apontar os dois aspetos mais relevantes da experiência do inRes para as startups que tiveram oportunidade de participar no programa, quais seriam (tendo em conta o feedback que vão recebendo)?   

João Claro: Não é fácil destacar apenas dois, pois há uma multiplicidade de aspetos que se têm revelado essenciais e com impacto significativo nas startups. De qualquer forma, penso que é fundamental destacar o facto de as equipas estarem a conseguir alargar a sua rede de contactos a nível internacional, fruto do networking intensivo e da exposição a um dos ecossistemas mais dinâmicos dos Estados Unidos, como o de Pittsburgh. Durante o período em que estão nos Estados Unidos, as equipas estão completamente focadas nos seus projetos, capitalizando a oportunidade que lhes permite conhecer potenciais parceiros, concorrentes, investidores ou clientes de relevo internacional.

Por outro lado, tem sido fundamental a capacidade e as competências que os empreendedores adquirem através da formação e do aconselhamento estratégico que obtêm junto dos vários especialistas internacionais – nomeadamente da CMU – com quem trabalharam, que lhes permitiram ganhar uma visão de negócio mais sólida e uma capacidade de liderança para concretizarem e desenvolverem os seus produtos e serviços. Um aspeto muito importante que potencia o sucesso do projeto, mas que também capacita o empreendedor.

TeK: Já estão a planear uma edição 2016 do inRes? Vai trazer alguma novidade? 

João Claro: Sim, está prevista uma nova edição no próximo ano, que já estamos a preparar e para a qual teremos em consideração o feedback das equipas que participaram no inRes em 2015. Quanto a possíveis novidades, teremos de aguardar mais algum tempo para saber, mas o importante é reforçar que todos os possíveis ajustes que possam vir a ser feitos na dinâmica do programa serão sempre em virtude da sua melhoria e de um maior contributo para os empreendedores portugueses que participam.

 Cristina A. Ferreira