A Acer apresentou hoje em Portugal o Iconia W500, o seu primeiro tablet, que chega às lojas em Abril com o sistema operativo Windows 7. O TeK aproveitou a presença de Pedro de Castro, gestor de produto para o mercado ibérico, para tentar perceber melhor a opção da marca e a estratégia para o segmento de tablets.

TeK: Estão a lançar agora o vosso primeiro tablet, o Iconia W500. Quais as expectativas para este produto?
Pedro de Castro:
Ainda é cedo para dar dados a nível de vendas, números e previsões, mas o que detectámos é que existe um nicho de mercado para este produto que vamos lançar agora, o W500 e estamos convictos que vai ser um nicho de mercado muito importante para nós.

TeK: A ACER vai lançar vários tablets, 4 segundo foi dito. O primeiro que apresentaram na CES tinha o sistema operativo Android. Porque decidiram avançar primeiro com este modelo comercialmente, que usa o sistema operativo Windows 7?
Pedro de Castro:
É um mercado natural para nós. Somos um fabricante de computadores pessoais, temos uma grande experiência a nível de computadores sociais com máquinas Windows, pelo menos uma grande parte delas, e sinceramente é um mercado que conhecemos e a que somos mais sensíveis.

[caption]Pedro de Castro[/caption]Obviamente não deixamos de olhar para o mercado e é por isso que em breve vamos ter esses novos 3 modelos, em patamares de preços diferentes, com outro tipo de tecnologia. Vemos que também há uma procura para esse tipo de produtos.
Contudo, o mais importante é que começamos passo a passo numa área que conhecemos.

TeK: Esta é uma área nova, onde a Acer se está a estrear. Qual é a importância de marcar presença e conquistar quota de mercado nos tablets?
PdC:
É importante estar neste mercado. Existe uma mudança de paradigma e agora com a introdução dos tablets cada vez mais estamos a ter Internet em todos os lados. É necessário perceber o que está a acontecer na rua e temos de adaptar-nos a essas mudanças. Já aconteceu há alguns anos com os netbooks e agora volta a acontecer com os tablets e temos de ir passo a passo.
Contudo a Acer é uma empresa que a nível de estratégia tem as ideias muito claras e achámos que o passo lógico dentro da nossa estratégia era avançar com a área de tablets.

TeK: De qualquer forma demoraram algum tempo. O iPad foi lançado há um ano e já surge agora a segunda versão, enquanto a Acer lança agora o seu primeiro tablet… Porquê este atraso?
PdC:
É verdade. Mas estamos a falar de um novo segmento de mercado e temos de ser muito cautelosos. Não foi só a Acer, foi todo o mercado. Evidentemente não tínhamos ainda tecnologia pronta para lançar um bom produto, apelativo, e estávamos a ver realmente quais eram as necessidades dos clientes.

Agora já sabemos quais são e queremos prosseguir no nicho dos tablets, que é uma estratégia a curto e longo prazo, e estamos em posição de avançar com ela. Se calhar antes podíamos ter-nos precipitado e fazer alguma asneira e a Acer quer entrar forte no mercado, como tem vindo a mostrar com os netbooks e os notebooks.

TeK: Mas não teme que este W500, porque é o primeiro tablet com Windows, seja um erro? Isso não vai contra essa estratégia cautelosa? É que o Windows 7 foi desenhado para ecrãs tácteis, mas não para tablets… Não valia mais esperar por uma versão específica, mesmo que da Microsoft?
PdC:
Se calhar sim. Mas achamos que existe já uma procura para tablets com Windows. Temos que pensar que há um segmento de clientes que não querem trocar de sistema operativo, querem também ter teclado - é por isso que estamos a integrar o teclado dentro da gama W500 - e alguns clientes têm receio de trocar para um Andoid e para iOS porque não sabem a compatibilidade que terá com os seus desktops e netbooks. Temem ter de ser eles a adaptar-se ao seu dispositivo e não o dispositivo a adaptar-se a eles.

Neste caso pensamos que não vai ser uma máquina que vai ter um share muito, muito grande, mas faz parte do nosso portfólio e completa-o.

TeK: Olhando para a experiência de utilização, e depois de experimentar um Android e um Apple iOS, a experiência do tablet com Windows é muito mais fraca, o sistema é lento - embora tenhamos usado uma engineering sample
PdC:
Eu compreendo. Se calhar é uma percepção que alguns têm. Eu não partilho essa percepção. É evidente que quem quiser ter sucesso nos tablets tem de ter um sistema operativo muito simples de utilizar. Não tem de ser complicado, mas o facto de ter um teclado muda a experiência com o W500, ajuda a escrever mensagens, emails, a fazer surfing na web.
Eu já experimentei muitas marcas, Blackberry, Apple, Android, e a experiência táctil, do meu ponto de vista ainda tem de mudar muito. Há um segmento de clientes que já estão habituados mas quem apanha um W500 com teclado a experiência é diferente.
É evidente que há clientes que vão esperar. Dentro de um mês vamos lançar um tablet Android - esperámos para lançar a versão 3 e não um "meio meio". É importante salientar que não vamos estar só no Windows.

TeK: A Acer conquistou no ano passado a primeiro lugar nas vendas de computadores pessoais em Portugal. Tem alguma ambição de conquistar o primeiro lugar nos tablets?
PdC:
Eu nunca gostei muito de relatórios das empresas X ou Y … O que queremos fazer é continuar a desenvolver um grande trabalho. E temos uma estratégia muito clara que o nosso presidente já anunciou, de manter e aumentar o share, o que é importante nestes tempos de crise onde manter será um grande desafio.

Fátima Caçador

Nota da Redacção: Foi alterada a fotografia de Pedro de Castro.