Aproveitando a sua passagem por Lisboa, o TeK falou com John Howie, director de segurança e compliance de serviços online da Microsoft. O responsável explicou como surgiu o novo Office 365, que chegará a Portugal na próxima Primavera e a visão na base do produto.



A oferta é mais um passo da empresa em direcção à nuvem e a uma nova abordagem aos serviços empresariais, também explicada pelo responsável das equipas que no gigante norte-americano definem a estratégia e arquitectura, gestão de ameaças e resposta a incidentes na infra-estrutura de Cloud Computing.

[caption]John Howie Microsoft[/caption]

TeK: A Microsoft tem investido muito em Cloud Computing nos últimos tempos. Há algum produto ou serviço desenvolvido nessa área que na sua opinião se destaque?

John Howie:
Destacaria sem dúvida o Office 365, a nossa próxima geração de aplicações empresariais. É uma oferta que permite reduzir significativamente a estrutura de custos imputados aos clientes. Os custos associados à instalação, configuração e gestão de hardware passam para a Microsoft e com economias de escala conseguimos chegar a preços por utilizador muito interessantes. Estou entusiasmado com este nosso novo produto e creio que o mercado também. Abrimos o acesso à beta do Office 365 a alguns clientes e em poucas horas tivemos de fechar, tal foi o número de interessados em participar.

Quando o produto estiver disponível na versão final contamos migrar todos os utilizadores de serviços online e também está prevista a integração do Live@edu (serviço dirigido às escolas e universidades que oferece acesso gratuito a um conjunto de serviços na nuvem).

Creio que é uma oferta com todas as condições para se tornar um produto extremamente interessante e que nos posicionará muito bem em relação à concorrência.



TeK: E como pode evoluir este Office 365?

John Howie:
Para percebermos o que pode acontecer no futuro com o Office 365 temos de perceber os passos que demos no passado. Historicamente os nossos desenvolvimentos na área dos serviços on demand foram limitados. Com o desenvolvimento do Cloud Computing percebemos que o modelo tradicional de licenciamento não era o caminho que a maior parte dos clientes queriam seguir e temos trabalhado bastante para adequar a oferta ao que percebemos serem as necessidades dos clientes. O Office 365 representa uma evolução normal da oferta, à luz de tudo o que procuramos aprender sobre as necessidades dos nossos clientes.

Daqui para a frente, à medida que formos adicionando novos produtos de servidor à nossa oferta Cloud estes serão integrados no serviço. A ideia é permitir ao cliente uma progressiva deslocação dos serviços e aplicações usados numa lógica on premise para a nuvem e o inverso, se for necessário.

Imagine que tem um grupo de trabalho de dimensão variável para o qual precisa de email, acesso a sites de colaboração, comunicações unificadas... Uma oferta deste género permite uma expansão muito rápida neste tipo de situações, em que é necessário assegurar picos de capacidade.

Claro que a oferta também permite que o utilizador assegure parte da infra-estrutura on premise e outra parte na nuvem, garantindo uma diferenciação para a informação sensível, mas mantendo uma integração entre os dois modelos. Esta é a nossa visão actual da realidade e algo que estamos a passar para nossa oferta, como pode ver-se já hoje nas versões mais recentes do Exchange, na próxima versão do SharePoint, etc.



TeK: Quando se depara com um cliente preocupado com as questões de segurança que muitas vezes se levantam em torno do Cloud Computing, o que lhe diz?

John Howie:
As preocupações a este nível têm normalmente a ver com a partilha de recursos que implica estar numa nuvem pública. Em resposta a isto há uma comparação que costumo fazer: há 40 anos atrás quando os serviços públicos começaram a digitalizar informação sensível (incluindo dados bancários) colocaram-se muitas das questões que hoje voltam a estar na ordem do dia a propósito do Cloud Computing.

Hoje já ninguém pensa muito nisso. A maioria das empresas interage com o Estado por estes canais, tranquilamente. Há 15 anos quando surgiu o outsourcing verificámos algo semelhante. As empresas tinham dúvidas sobre a razoabilidade de enviar serviços e aplicações para outros países. Hoje, embora a opção possa não se apresentar tão competitiva - na combinação das diversas variáveis económicas - como foi há uns anos atrás, é uma prática comum.

Tendo em conta tudo isto diria que a resposta a essas preocupações passa muito por assegurar que quando se negoceia um serviço com um parceiro de serviços Cloud fiquem garantidas uma série de premissas, nomeadamente através dos contratos de nível de serviço (SLA), termos em condições, etc.

Daqui a 15 anos acredito que o Cloud Computing será tão natural como qualquer um dos exemplos que referi.



TeK: Os fornecedores têm um papel importante nesse percurso?

John Howie:
Neste percurso é claro que os fornecedores de soluções têm um papel importante, que passa por desenvolver todos os esforços para ser o mais transparente possível relativamente à forma como se desenrola a operação, como é garantida a sua segurança ou a privacidade dos dados. Nesse sentido nós na Microsoft apostámos na certificação e na disponibilização, de forma pública, de informação diversa sobre o tema. O objectivo é que qualquer empresa possa decidir de forma informada se adopta ou não os nossos serviços.



TeK: O Cloud é uma tendência para continuar, mas até onde? Qual é o limite entre o que deve estar na nuvem ou ser mantido "em casa"?

John Howie:
Em qualquer empresa há sempre elementos críticos de informação que podem ser o design de um próximo produto, dados financeiros da empresa ou outros. Nessas situações as empresas têm hoje, e terão certamente no futuro, a hipótese de manter parte da sua informação localmente, nas suas instalações. No caso da Microsoft o elemento interessante da nossa abordagem é o facto de ambas as opções poderem correr lado-a-lado. Assim, por exemplo, enquanto a direcção de uma empresa tem o seu sistema de email alojado on premise e o serviço de correio assegurado aos funcionários na nuvem, ambos usam o mesmo software e por isso estamos sempre a falar de uma oferta integrada.


TeK: Nos últimos tempos têm vindo a público muitas notícias que dão conta de falha graves nos mecanismos que deveriam assegurar alguma privacidade aos utilizadores de serviços online como o Facebook, ou outras redes sociais. Este tipo de eventos pode, de alguma forma, ter um impacto negativo na opinião do mercado em relação aos serviços cloud?

John Howie:
Concretamente no caso do Facebook, claro que alterar políticas de privacidade sem informar os clientes ou, como se soube mais recentemente, partilhar informação não autorizada com anunciantes, são questões graves.

Concordo. Na Microsoft sempre tivemos uma visão muito clara sobre estes temas. A nossa política foi sempre a de informar totalmente o consumidor dando-lhe, já na posse dessa informação, a possibilidade de decisão. Temos tradição nesta política e trabalhamos de perto com organizações que fomentam boas práticas nesta área.

Também penso que a visão geral da indústria nesta área coloca no consumidor final a decisão sobre o nível de privacidade que pode ter.

No mercado empresarial, por seu lado, devo sublinhar que as regras são diferentes e muitas destas questões não se colocam. Desde logo porque, ao contrário do que acontece com este tipo de serviços sociais de acesso gratuito, o modelo de negócio não é suportado em receita proveniente da publicidade e do número de cliques que os utilizadores asseguram. Os serviços comprados são vendidos directamente por quem os presta e há vários mecanismos para salvaguardar estas questões.



TeK: Nesta visita a Portugal com que opinião fica relativamente à forma como está o mercado português a olhar para o Cloud Computing?

John Howie:
Nas reuniões que já tive oportunidade de ter em Portugal percebi que há um grande entusiasmo em torno do Cloud Computing como forma de reduzir custos, sobretudo no sector público e no que se refere aos custos associados à infra-estrutura TI necessária para garantir os serviços que são fornecidos ao cidadão.

Terei oportunidade também de me encontrar com clientes do sector privada na minha estadia em Portugal e, acreditando que a tendência que tenho verificado um pouco por todo o mundo se aplica também por cá, espero entusiasmo. Sem dúvida que a transformação dos custos de aquisição e manutenção de hardware em custos puramente ou maioritariamente operacionais, com um maior controlo de custos e a permitir uma maior proximidade do cliente está a despertar o interesse dos gestores.

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